Entrevista com Profa Dra Stela Maris Bortoni-Ricardo, professora da UnB.

Lucia Furtado Mendonça Cyranka *
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Profa. Dra. Da Faculdade de Educação da UFJF.

RPL: Seu empenho para a implementação e adoção da Sociolinguística Educacional já é amplamente conhecido no Brasil. Que motivações a levaram a essa proposta?Todo sociolinguista, por definição, considera a questão escolar ao estudar os processos de variação e mudança de uma língua. No meu caso, optei por pôr a questão escolar em primeiro lugar.

Stela Maris Bortoni-Ricardo: Todo sociolinguista, por definição, considera a questão escolar ao estudar os processos de variação e mudança de uma língua. No meu caso, optei por pôr a questão escolar em primeiro lugar.

RPL: O que sua experiência tem revelado sobre a viabilidade da adoção de uma pedagogia da variação nas escolas brasileiras?

Stela Maris Bortoni-Ricardo: O estudo de variação avançou muito no Brasil e agora faz parte das exigências do PNLD. No entanto, para ser efetivo em uma pedagogia linguística no ensino básico, é preciso que os professores aprendam a operacionalizar esses conhecimentos em seu trabalho pedagógico. Às vezes, setores institucionais que não estão familiarizados com a história e a programação da Sociolinguística mostram-se avessos à incorporação desses conhecimentos nos cursos de formação inicial e continuada de professores, mas pode-se superar isso com mais divulgação.

RPL: Que benefícios traria a associação da dimensão sociolinguística às práticas de oralidade na escola? Revista Práticas de Linguagem. v. 2, n. 1, jan./ jun. 2012

Stela Maris Bortoni-Ricardo: A principal contribuição seria a de se conhecer melhor a competência linguística oral dos educandos para que essa sirva de base à aquisição e ao desenvolvimento de sua competência escrita.

RPL: Se a educação linguística é necessária na escola, seria ela uma tarefa apenas do professor da disciplina Língua Portuguesa? Por quê?

Stela Maris Bortoni-Ricardo: O professor de português é o mais habilitado a 'desenhar' um currículo que contemple a educação linguística, mas todos os professores têm de se engajar na árdua tarefa de ensinar nossos estudantes a falar e a escrever em português, para além dos registros/gêneros coloquiais

RPL: Qual é a sua interpretação sobre o comportamento da sociedade brasileira em geral e de nosso sistema de ensino em relação ao preconceito linguístico?

Stela Maris Bortoni-Ricardo: Nossa sociedade historicamente valoriza muito os conhecimentos gramaticais canônicos. É necessário que se publique e se divulgue muito material de divulgação científica acessível para que a sociedade em geral reconheça as vantagens de levar em consideração a variação e a mudança na língua, no processo de escolarização.

RPL: Políticas educacionais que incluam a questão do respeito às variações dialetais são necessárias e possíveis no Brasil?

Stela Maris Bortoni-Ricardo: Já existem algumas políticas como a do PNLD. Agora a Capes está trabalhando na criação de mestrados profissionalizantes de Língua Portuguesa como já existem em Matemática. São iniciativas que vão colaborando para o aperfeiçoamento da pedagogia linguística (ensino de Língua Portuguesa) nas escolas brasileiras.

RPL: Seu livro editado em 2011, Do campo para a cidade: estudo sociolinguístico de migração e redes sociais, traz contribuições importantes para a compreensão das mudanças linguísticas no português do Brasil. Em que medida um professor se beneficiaria com sua leitura? Revista Práticas de Linguagem. v. 2, n. 1, jan./ jun. 2012

Stela Maris Bortoni-Ricardo: O livro mostra como se processa o ajustamento dos brasileiros provenientes de área rural à cultura urbana, inclusive aos modos de falar urbanos. São informações úteis para os professores que trabalham com essa população. Observe-se também que já há gramáticas escolares, como a de Ataliba Castilho e de Marcos Bagno, entre outras, que trazem informações sobre variação linguística e a forma de se lidar com ela no processo de escolarização.

RPL: Sabemos que, proximamente, os professores brasileiros serão brindados com seu livro Da fala para a escrita, os doze trabalhos de Hércules. Esse seu trabalho inclui a dimensão da Sociolinguística Educacional? O que pode nos adiantar sobre ele?

Stela Maris Bortoni-Ricardo: Nesse livro refletimos sobre doze problemas que dificultam a transição da oralidade à escrita, nas escolas brasileiras. Estamos trabalhando nele com muitas expectativas de que, efetivamente, seja um bom apoio às escolas e aos professores. Sairá pela Parábola Editorial ainda em 2012, assim espero. Há outro livro que também contribuirá, que é "Leitura e Mediação Pedagógica". Esse já está no prelo também pela Parábola. Além desses, continuamos a trabalhar em outros livros, inclusive um de apoio para EJA, primeiro segmento.

Categoria pai: Seção - Entrevistas

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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