A Brasília que não lê

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O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe - UnB) convidou-me a participar da entrevista que se segue a ser publicada na Revista Pedagógica da avaliação dos estudantes da rede municipal de ensino de São Paulo (Prova/Provinha São Paulo).

Entrevista

Cebraspe: Uma parcela significativa de professores acredita ser possível desenvolver na criança o gosto por leitura. Como você analisa esse entendimento?

Professora Stella Maris: O contato com o letramento e o consequente desenvolvimento do gosto pela leitura e escrita têm origem no dia-a-dia da vida familiar. Despertar as crianças cuja família não é alfabetizada para o prazer da leitura é uma tarefa da escola, que tem que estar bem consciente disso. A escola pode, e deve, atingir esse objetivo. Cabe aqui lembrar-nos de Paulo Freire: a escola precisa começar de onde o aluno está, valorizando sua cultura, suas preferências. Por exemplo, se o aluno gosta de ler gibis, que leia gibis, se gosta de ler sobre futebol, que leia sobre futebol, se gosta de música sertaneja, que ouça e transcreva essas músicas

Cebraspe: Como relacionar o ensino de língua portuguesa ao desenvolvimento de competências e habilidades?

Professora Stella Maris: O desenvolvimento de competências e habilidades está necessariamente relacionado à linguagem do aluno. No nosso caso, está relacionado ao desenvolvimento de sua competência comunicativa em língua portuguesa. É preciso sempre lembrar, porém, que mesmo o falante nativo de língua portuguesa deve ampliar seu repertório linguístico de modo a incluir novas e sucessivas tarefas comunicativas, que a vida lhe vai apresentando.

Cebraspe: O que o professor precisa saber para enfrentar o desafio de ensinar, por meio do ensino formal, seus alunos a aplicar a Língua Portuguesa?

Professora Stella Maris: O ensino formal que a pergunta menciona será o conhecimento de terminologia gramatical? Há mais de três décadas, pelo menos, sabemos que a competência comunicativa não depende de memorização de terminologia gramatical. Saber Português significa saber falar, entender, ler e escrever nessa nossa língua. Essas habilidades têm de ser trabalhadas na escola. E o aluno tem de ser incentivado, também, a transportar para outros domínios sociais os seus conhecimentos da língua.

Cebraspe: Como você acha que as redes de ensino poderiam fazer uso dos resultados das avaliações?

Professora Stella Maris: Avaliações de larga escala não têm longa tradição no Brasil. No entanto, desde que começaram a ser aplicadas, passaram a ser uma preocupação constante da escola e tema de conversas e mídias sociais. Tomar conhecimento dos seus resultados e procurar interpretá-los é tarefa educacional. As avaliações não têm nenhum sentido se seus resultados não forem considerados pelos sistemas de educação. A análise desses resultados ajuda, também, a mostrar que habilidades e competências estão sendo mais contempladas nas escolas e quais estão sendo mais negligenciadas. No tocante à gramática, a análise sistemática de erros vem mostrando que os capítulos em que os chamados erros mais incidem constituem um núcleo conciso que pode ser facilmente trabalhado em sala de aula.

Cebraspe: Como o professor pode trabalhar com os estudantes que apresentam dificuldades em Língua Portuguesa?

Professora Stella Maris: Precisamos conceituar bem o que são as dificuldades em língua portuguesa, sem nos esquecermos de que a grande maioria dos nossos alunos tem Português como língua materna. No entanto, há jovens e crianças que convivem com a língua escrita desde a tenra infância e outros para quem a língua escrita é pouco usual no seu dia-a-dia. A escola tem de conhecer bem o “background” linguístico de seus alunos, ajustar-se a ele e procurar ampliá-lo, sempre considerando o interesse e a vivência do aluno.

Cebraspe: Considerando o direito à educaçãoe os resultados de uma recente avaliação de uma rede de ensino (indicados a seguir), na sua visão, o que o professor de Língua Portuguesa pode fazer para desenvolver asseguintes habilidades?

ü  2.º ano - Habilidade: Compreender os sentidos de palavras e expressões em textos (45,0% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

 

Professora Stella Maris: É preciso começar sempre com o vocabulário que o aluno já detém e ampliá-lo gradativamente, por meio de gêneros textuais de seu interesse. O trabalho pedagógico com o vocabulário estará presente em toda a vivência escolar do aluno.

 

ü  3.º ano – Habilidade: Estabelecer relações entre partes de um texto marcadas por conectores          (45,3% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris: Há conectores que são de uso corriqueiro. Por exemplo: “meu time perdeu porque não treinou bastante”. Há outros mais raros, que têm de ser introduzidos sempre contextualmente: em textos lidos e apreciados pelos alunos. Um bom recurso é usar letras de músicas de sucesso ou textos de ampla divulgação na internet, como posts do Facebook ou Instagram. O professor tem de ter o bom senso de ir apresentando textos de crescente complexidade, sempre respeitando o interesse dos alunos.

ü  4.º ano – Habilidade: Estabelecer relações entre partes de um texto marcadas por conectores          (39,6% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris: Ver resposta anterior.

ü  5.º ano – Habilidade: Comparar o tratamento dado a um mesmo conteúdo temático em diferentes textos escritos e multimodais (40,8% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris:

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

 - Gonçalves Dias

Sabiá é o nome popular dado a espécies presentes na família Turdidae e na família Mimidae. Os sabiás da família Turdidae pertencem ao gênero Turdus. Os sabiás deste gênero possuem o canto bastante evoluído.

 - https://www.infoescola.com/aves/sabia/

Contemporaneamente, a internet permite acesso a textos de diferentes gêneros e propósitos. Vejam o exemplo acima sobre o passarinho Sabiá. Os alunos poderão fazer esse tipo de pesquisa identificando o objetivo de cada gênero textual selecionado.

ü  6.º ano – Habilidade: Estabelecer relações entre fato, objeto, fenômeno e opinião em um dado texto (33,9% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris: É importante que os alunos saibam distinguir fato de opinião. Para isso é preciso começar com um fato corriqueiro. Por exemplo: uma tempestade e a consequente inundação do bairro, pode-se perguntar: o que você pensa sobre o descarte de lixo na rua e o entupimento dos bueiros? Os fatos (volume do lixo coletado, volume de chuva etc...) poderão ser pesquisados e até quantificados. Já a opinião será objeto de discussão em sala de aula. O aluno poderá identificar a o ato de fala opinativo com frases introdutórias: “Eu acho que...”; “Eu acredito que...” etc...

ü  7.º ano – Habilidade: Identificar convenções gráficas e ortográficas presentes no texto (34,2% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris: A ortografia de qualquer língua natural é resultado de convenções desenvolvidas ao longo de sua história e que consideram a etimologia, empréstimos etc... É falsa a idéia de que ortografia é condição de somenos importância. No decorrer de todo o ensino básico as questões ortográficas devem ser objeto de reflexão na escola, com ênfase em aspectos menos previsíveis pela pronúncia.

ü  8.º ano – Habilidade: Estabelecer relações entre fato e opinião em textos de divulgação científica   (48,9%acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris: Ver resposta acima.

ü  9.º ano – Habilidade: Relacionar os diferentes posicionamentos (pontos de vistas e valores éticos) sobre um assunto/fato em textos (55,4% acertaram itens que avaliaram essa habilidade).

Professora Stella Maris: Os alunos têm de aprender a distinguir a constatação de fatos e as opiniões e posicionamentos sobre eles. Um bom exercício é reconhecer em artigos de jornal o que é estritamente factual e o que é expressão de valores e preferências. Eles podem, por exemplo, extrair o mero conteúdo e procurar expressá-lo de maneira a tentar influenciar o leitor. Exemplo de um enunciado estritamente factual: “A percentagem do PIB do Brasil gasto com saúde pública é xx%”. Exemplo de um enunciado opinativo: “Considero que o Brasil gasta excessivamente com viagens de políticos”.

 

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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