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O NotaTerapia, como homenagem aos 80 anos de morte, resolveu listar 6 poemas de heterônimos quase desconhecidos de Pessoa. Confira:

1- António Mora

Uma coisa queremos

Outra coisa fazemos.

Quem quer somos nós sós

Quem faz não somos nós.

Quem somos tem o intuito

Quem não somos o fruto

Alheio à intenção.

Todos não são quem são.

Uma coisa é a verdade,

Outra a realidade.

O que existe não tem

Que ver com haver alguém.

Alheio a nós o mundo,

Num sentido profundo,

Por leis e reis se guia

Em que a nossa energia,

O nosso sentimento,

O nosso pensamento

São elementos falsos…

Assim, a pedra incerta

Que a criança irrequieta

Atira ao vácuo do ar

Vai às vezes parar

Onde magoa ou fere

Não o que a criança quer

Mas o que o Fado quis

Por isso a pedra infeliz

O Destino atirou,

Nunca quem a lançou.

Outros somos. Morremos

A vida que vivemos.

Quem é nós não é nada.

Passa quem és na estrada

Da nossa consciência.

Para isto não há ciência.

 

2- Carlos Otto

EPIGR[AMA]

A um entendedor…

Um dia, tendo comichões

De nos fazer maior partida

A Asneira fez as religiões.

Tempos depois, estando de vê-las

Um tanto ou quanto aborrecida,

A Asneira pôs-se a desfazê-las.

 

3- Coelho Pacheco

PARA ALÉM DOUTRO OCEANO
(trecho)

Num sentimento de febre de ser para além doutro oceano

Houve posições dum viver mais claro e mais límpido

E aparências duma cidade de seres

Não irreais mas lívidos de impossibilidade, consagrados em

pureza e em nudez

Fui pórtico desta visão irrita e os sentimentos eram só o desejo de os ter

A noção das coisas fora de si, tinha-as cada um adentro

Todos viviam na vida dos restantes

E a maneira de sentir estava no modo de se viver

Mas a forma daqueles rostos tinha a placidez do orvalho

A nudez era um silêncio de formas sem modo de ser

E houve pasmos de toda a realidade ser só isto

Mas a vida era a vida e só era a vida

O meu pensamento muitas vezes trabalha silenciosamente

Com a mesma doçura duma máquina untada que se move sem fazer barulho

Sinto-me bem quando ela assim vai e ponho-me imóvel

Para não desmanchar o equilíbrio que me faz tê-lo desse modo

Pressinto que é nesses momentos que o meu pensamento é claro

Mas eu não o oiço e silencioso ele trabalha sempre de mansinho

Como uma máquina untada movida por uma correia

E não posso ouvir senão o deslizar sereno das peças que trabalham

Eu lembro-me às vezes de que todas as outras pessoas devem sentir isto como eu

Mas dizem que lhes doi a cabeça ou sentem tonturas

Esta lembrança veio-me como me podia vir outra qualquer

Como por exemplo a de que eles n„o sentem esse deslizar

E não pensam em que o não sentem

Leia o poema completo AQUI!

 

4- Joaquim Moura Costa

Vejo que rimas sem custo

E que o verso que te sai justo

Sem confusão se interpreta.

P’ra seres poeta, Augusto,

Só te falta ser poeta.

 

5- Pantaleão

 E para mim, idealista integral, o próprio mundo, o universo inteiro, não é senão um boato e um boato falso.

……

A vida, toda a vida, é o eterno boato, e a morte, toda a morte, o eterno desmentido. Esperança, amor, ilusão, a crença ansiada no futuro, a confiança trémula no presente, tudo isto cessa nos seus objectos e em si. Passar é desmentir-se. Não há mais para mim do que a superfície das coisas – essa superfície forja-se nas realidades.

……

Todos os caminhos do pensamento levam àquela Roma da dor, cujo supremo pontífice não dá audiências ao raciocínio, nem bulas ao sentimento.

……

A mim é-me familiar o que a outros, e a raros outros, apenas em horrorosos acasos é de algum modo vagamente experiência – o sentimento do mistério e do horror intelectual do mundo. É minha inimiga do meu sangue e na minha alma quotidiana a sensação ôca de que o universo é uma pavorosa ilusão. Passou já o tempo em que este medo me era ocasional e, como um relâmpago, uma coisa de um horroroso instante. Hoje consubstancia-se com a minha vida espiritual ao ponto de me parecer estranha e não de mim a hora do espírito em que de algum modo me desenvencilho da consciência do mistério do mundo.

 

6 – Vicente Guedes

NUNC EST BIBENDUM

Quando o Tédio, invencível e infecundo,

Nos faz sentir a solidão de ser,

E uma monotonia ocupa o mundo,

Que mais tem o espírito a fazer

Do que ensinar ao corpo que o profundo

Desgosto da existência lhe requere

Que veja sempre ao cálix o seu fundo

E sempre tome o cálix a encher?

Assim a nós os pensadores mortos

Para o prazer e a quem a saciedade

Na própria ideia já nos dissuade,

Se não beber até que a vida esqueça

Aos nossos olhos sem pensar absortos

O sonho que é, o mundo em fim pareça.

 

Fonte: Todos os poemas foram retirados do site oficial Arquivo Pessoa: http://arquivopessoa.net/

 

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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