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O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.

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Descrição: minerva_pagUniversidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS

Disciplina: Alfabetização e Letramento

Prof. Dra. Cecília Molica

Alunos: Augusto Brito Montano

                           Michelle Silva dos Santos

 

 

                                            RESENHA

 

OLIVEIRA, Thais de, ANTUNES, Renata. Negligência na mediação do professor no trabalho de leitura. In: RICARDO, Stella Maris Bortoni-Ricardo, MACHADO, Veruska Ribeiro (Org). Os doze trabalhos de Hércules: do oral para o escrito. São Paulo: Parábola, 2013. Série Estratégias de Ensino 37.

                                                                                          Augusto Brito Montano

                                                                                     Michelle Silva dos Santos

 

 

O capítulo 4 propõe uma discussão sobre a negligência da mediação leitora, que tem como objetivo facilitar a compreensão da leitura. As autoras, Thaís de Oliveira e Renata Nunes, fazem uma pesquisa qualitativa em uma escola pequena do ensino fundamental da rede pública do Distrito Federal nas turmas de 9º ano (antiga 8ª série) em um projeto específico de leitura promovida por uma professora de língua portuguesa, no qual descrevem a interação professor-aluno apontando possíveis falhas e apontando soluções práticas.

As autoras discutem o problema de uma possível “negligência” (incorreta/insuficiente/despreparada?) mediação do professor no processo de leitura. A leitura, como conceito inicial, é concebida como prática social, “um instrumento de aprendizagem do aluno, que necessita da mediação do professor para alcançar níveis desejáveis de compreensão”.

Trabalha-se com os conceitos de leitura, letramento, alfabetização, mediação pedagógica, agente/promotor de letramento e leitor competente a partir da perspectiva da pedagogia crítica-social dos conteúdos, ora apontando dados oficiais de agências governamentais (SAEB) e de organismos internacionais (UNESCO) sobre a formação do leitor competente, ora dando destaque para programas governamentais (PNLL) que ensejam posições políticas mais consistentes com os objetivos modernos de formação de leitores críticos como apoio fundamental para a prática escolar.

O texto destaca o papel da escola na formação de leitores competentes, embora haja muitos motivos que possam desencadear a falta do hábito de leitura entre os jovens brasileiros. Além disso, ressalta que a escola é o espaço onde a leitura deve ser corrente, em todas as disciplinas, e que esse trabalho deve ser bem orientado pelo professor.

Após a introdução, apresentação do possível problema e dos dados oficiais que confirmam a hipótese da falta de destaque no ato de leitura em aula (não só em língua portuguesa!), as autoras partem para uma discussão conceitual entre diversos pesquisadores da temática do letramento como, por exemplo, Magda soares, que as autoras classificam como “grandes” pesquisadores da área, certamente, pela expressividade da produção acadêmica na área em termos quantitativos e qualitativos.

Percebemos que o conceito de letramento que fora formulado no início da década de 80 se ampliou mais ainda ao ponto de inserir a prática de leitura e escrita como “ferramentas culturais” no qual o sujeito aprendiz está imerso em “práticas culturais” diversas. O texto deixa claro que “alfabetizar letrando” é possível em se tratando dos anos iniciais do ensino fundamental. Porém nós, professores dos anos finais, observamos que muitos alunos são promovidos para o segundo segmento do ensino fundamental sem conseguirem decodificar grafema e fonema.

Faz-se uma retrospectiva sobre o conceito de “mediação pedagógica” que teria sua fundamentação atrelada à pedagogia crítico-social dos conteúdos numa relação menos passiva do aprendiz promovendo uma nova relação entre professor e aluno e um cidadão mais participativo na sociedade. Isso se deu a partir da década de 70.

Sob a ótica da “mediação pedagógica” o professor é um “facilitador, incentivador ou motivador” da aprendizagem. Opõe-se isto àquela figura tradicional de professor como detentor do saber e expositor de conteúdos para serem “memorizados” e o aluno como um “banco”, metáfora de Paulo Freire, no qual o professor “depositaria” os “conteúdos” naqueles aprendizes passivos.

Outro conceito metafórico do texto é o de “andaime” no sentido de “trabalho de andaimagem”. O professor na mediação da leitura como que criando “andaimes” no sentido de “construção” da sustentação do trabalho da leitura que permitirá que esta avance e que pode ser realizado em qualquer espaço, não só escolar. Tratando-se da questão da leitura podemos pensar em outros espaços tais como, por exemplo, as bibliotecas escolares, tão reconfiguradas (desfiguradas?) pelas “salas de leitura”, no qual a figurado bibliotecário não se valoriza adequadamente optando a escola por professores desviados de função para assumirem atividades de leitura naquele espaço. Ou ainda menos indicado com profissionais terceirizados advindos de Programas pontuais como, por exemplo, “Mais Educação”.

 Ressaltou-se o problema político de ações práticas em tempos pretéritos de incentivo oficial da leitura e na mudança do ponto de vista, atual, no destaque na importância do papel da “mediação” como prática profissional na promoção e incentivo governamental em sua verdadeira atribuição oficial da leitura no Brasil através da Lei do Livro (10.753/203) e do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL): não fornecer somente o objeto de leitura (livros), mas sim na oferta de condições para a existência na escola do educador (professor, bibliotecário ou “mediador”) como “agente ou promotor do letramento”.

Posteriormente as autoras nos apresentam a descrição das atividades em classe que formaram o corpus do trabalho de análise dos dados e posteriores recomendações de “novas práticas”

A descrição sobre a atividade de leitura perpassa pela transcrição da aula em forma de diálogo, podemos chamar de gênero dialogal “aula” no qual cada evento de fala é numerado sequencialmente e o professor recebe um código “P” e o aluno “As” sem identificação dos mesmos por nomes reais, exigência da ética na pesquisa deste tipo.

As autoras não só se limitam a descrever, mas fazem uma atividade de análise de alguns pontos no qual a professora poderia ter realizado alguma “coisa” diferente. A crítica recai sobre a forma como a professora realiza perguntas repetitivas, automatizadas e em muitos casos parecendo que também não lera o livro que os alunos comentavam, portanto sem demostrar um a significância daquele ato de leitura desde o simples “prazer” que aquele ato sugere.

A prática da aula consistia na apresentação pelo aluno de seu livro que, em momento anterior, escolhera para ler. A professora fazia uma intermediação que, segundo a ótica das autoras, não permitia que aquele conceito de “andaimização” se efetivasse, ou seja, insuficiente para a “construção da leitura avançar”, para além da leitura da informação superficial e, assim, gerar leitores competentes e, dessa maneira, o próprio comportamento da professora como “mediadora pedagógica” e “agente/promotora do letramento” não se efetiva.

Apontam para problemas de falta de exploração do conhecimento de mundo dos alunos, exploração de pontos essenciais do texto entre outros. Também alertam para a não observação de generalizações exageradas por parte de alunos que não teriam lido o livro e estaria sendo desonestos. Em resumo, a professora não estava agindo como “agente de letramento”, e “montando os andaimes” da construção, metáfora da leitura.

Na última parte as autoras fazem sua recomendação sobre o trabalho pedagógico da mediação da leitura evidenciando a ética de uma pesquisa qualitativa feita com insumos advindos de uma sala de aula: o retorno de sua pesquisa. Este como sendo uma colaboração para a escola de seu trabalho de pesquisa em gerar novos conhecimentos. É a universidade colaborando com a escola. É a pesquisa a serviço do cidadão.

Ressaltam que não existem fórmulas e receitas prontas para qualquer atividade escolar, mas se propõem a evidenciar como uma solução prática de revisitação de algumas etapas no processo de formação de leitores competentes que os professores deveriam contemplar e não negligenciar.

Elencam alguns pontos:

1-Os livros não podem ser escolhidos ao acaso;

2- Cuidado com leitores literários iniciantes – obras tem de ser estimulantes;

3-Livros bem aceitos pelo público leitor em geral (especialistas, pais, professores) com relação a todas as técnicas (gráficas, visuais etc.);

4-Professor como “bom leitor”;

5-Professor lendo anteriormente a obra trabalhada;

6-Professor como promotor e incentivador do gosto pela leitura;

7-Professor como avaliador prévio da atividade leitora, complexidade da obra e a capacidade dos alunos em enfrentá-la;

8-Professor auxiliar o leitor a encontrar sentido na leitura;

9-Professor partir de conhecimentos prévios para dar mais subsídios a fim de construção do conhecimento;

10-Leitura como continuo de formulação e verificação de hipóteses e previsões – Etapas de leitura – pré-leitura, leitura e pós-leitura;

11- Aspectos textuais, estruturais, experiências de vida dos aprendizes;

12- Professor adotar diferentes estratégias (ludicidade?) de construção de interpretações, processos de raciocínios, hipóteses, refutações na formação de uma compreensão leitora – habilidade de leitor competente;

13-Importância das inferências e dúvidas mesmo interrompendo a leitura;

14-Professor instiga, faz debate, reflete com (levantando questões);

15-Importância da pós-leitura – verificação dos objetivos de leitura, identificação de estrutura básica de histórias como ideia principal, personagens, tempo, lugar além de percepção crítica e capacidade de “reconto”.  Momento de reflexão por parte do aluno, ensejando nele sua avaliação de sua participação e, possibilidade de uma avaliação por parte do professor.

Portanto, as autoras não pretendem, com esta pesquisa, fazer uma crítica contundente àquele profissional que “simpaticamente” “abriu suas portas” e as bem recepcionou (as pesquisadoras), mas, tão somente, chamar a atenção  no sentido de que  suas recomendações são “gerais”, informações básicas para o professor se comportar, adequadamente, como um profissional mediador pedagógico da leitura e agente do letramento, como dispõe o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) para a formação de um leitor competente em nossa sociedade moderna.

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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