Quem são esses brasileiros analfabetos residentes no DF?
O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.
Projeto LEF Confira artigos, trabalhos, Vídeos, Fotos, projetos na seção do Letramento no Ensino Fundamental.
Seis alunas do Centro Educacional 3 de Brazlândia dão aula de superação A
cidade tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano do Distrito
Federal. Mas as meninas comemoram a aprovação na Universidade de
Brasília (UnB) por meio do PAS. Ontem, as universitárias fizeram uma
homenagem aos professores da escola.
Com idade entre 16 e 17 anos, todas as aprovadas
estudam na mesma escola e, em comum, têm uma reconhecida participação
nas atividades realizadas durante o período letivo
Entre as seis aprovadas, quatro estudavam na mesma
turma. Ana Paula Andrade e Gisleide Bezerra afirmam que quebraram a
barreira do preconceito dos que não acreditavam na capacidade dos
alunos do CED 3. “Demos o primeiro passo e o nosso desejo é que essa
conquista sirva de incentivo para os outros alunos” acrescentam
Grazielle Matos e Leise Moreira.
As seis alunas contam que os
professores do CED já organizaram visitas à UnB, mas que não conhecem a
instituição e estão sonhando com o momento de entrar na faculdade como
universitárias e não mais como estudantes do ensino médio.
Mudanças positivas
Nenhuma
das seis, que superaram muitos obstáculos para conquistar a tão sonhada
vaga, fez cursinho pré-vestibular. Contam que estudavam para adquirir
conhecimento e não só para passar nas provas. Elas também relatam que
nenhum dos pais tem condições de pagar uma faculdade particular e que,
se não tivessem sido aprovadas na universidade pública, não teriam
condições de iniciar um curso de graduação.
O orientador Josué
Sene conta que, no ano passado, muitos alunos do CED 3 não manifestavam
interesse em fazer inscrição no PAS e alguns não tinham sequer o
Cadastro de Pessoa Física (CPF). “A dificuldade existe e estamos
trabalhando com os alunos para que ocorram mudanças positivas, mas
damos muito mais valor à nossa profissão quando temos um resultado
gratificante como esse”, acrescenta a orientadora Márcia Martins.
Ontem,
as alunas prestaram uma homenagem aos professores durante a primeira
reunião de planejamento do ano letivo. Para elas, a conquista foi
consequência de um trabalho de mão dupla, entre alunos e mestres. “Os
projetos da escola, as dinâmicas utilizadas nas aulas e a dedicação dos
professores foram fundamentais na realização do nosso sonho”,
declararam, em nota dirigida ao corpo de professores da escola. “A luta
é muito grande, pois a maioria dos alunos não acredita em si. Estamos
tentando passar para eles que esse é o momento de estudar, que eles
podem mudar a história da família e ter um futuro melhor que o dos
pais”, diz Josué Sene. Fica o exemplo.
Quem são
Maryse
Santos, 16 anos, passou para serviço social. O pai da estudante
trabalha como vigia na Escola Classe 6 de Brazlândia e a mãe é
faxineira em uma academia da região. Nos momentos de diversão, a
menina, que sempre teve média 8, adora jogar futebol na rua com os
amigos.
Mariany Santos, 16 anos, caloura de pedagogia, assim
como a irmã gêmea, Maryse, dedica-se muito aos estudos. Com média
frequentemente alta, garante que estuda porque gosta. Também aprecia
esportes e o seu preferido é o vôlei.
Leise Moreira, 16 anos,
passou para história. A mãe é dona de casa e sempre a incentivou nos
estudos. O pai trabalha como porteiro, mas está desempregado no
momento. Gosta de praticar esportes, ler livros, assistir a filmes e
estar entre amigos. Aluna de destaque no colégio, Leise foi quem
conferiu o resultado das amigas no PAS.
Gisleide Bezerra, 17
anos, passou para gestão de saúde coletiva. Conta ter se espelhado no
irmão mais velho, que foi aprovado no Enem e cursou universidade
particular com auxílio do ProUni. O pai trabalha como garçom e a mãe é
dona de casa. Gisleide gosta muito de ouvir música e de ir a parques de
diversões.
Ana Paula Andrade, 16 anos, é caloura de pedagogia. O
pai trabalha como autônomo e a mãe é auxiliar de limpeza na Escola
Classe 1 de Brazlândia. A estudante assume que nunca foi muito boa em
exatas, mas, nas disciplinas de humanas, é craque. Os fins de semana de
Ana são aproveitados em parques e na igreja que ela frequenta.
Grazielle
Matos, 17 anos, irá cursar pedagogia. A mãe é dona de casa e o pai
trabalha como auxiliar de serviços gerais. Quando está em casa, a
estudante assiste à televisão, ouve música e lê muito. Mas também não
dispensa um clube e um cineminha.