SAÚDE
Governo e cientistas monitoram a presença do mosquito Aedes albopictus no país. Inseto tem potencial para se transformar em um novo transmissor da dengue, como já ocorreu em países da Ásia


Da equipe do Correio

Marcelo FerreiraCBD.A Press - 9109
´´Estamos atentos à adaptação da espécie a uma nova realidade (o Brasil). Não vamos pagar para ver a sua capacidade``
Fabiano Pimenta, secretário-adjunto de Vigilância em Saúde
 
São nos meses de verão, estação marcada por uma sequência de sol, calor e chuvas, que o Aedes aegypti encontra as condições ideais para se proliferar. Porém, além de combater o único transmissor do vírus da dengue no país, o Ministério da Saúde está preocupado com outra espécie, cujo nome ainda não é tão familiar aos brasileiros: o Aedes albopictus, primo do popular mosquito e que já é responsável por alguns surtos de dengue no sudeste da Ásia.

Já há registro do inseto em quase todos os estados do país — só não foi encontrado no Amapá, Acre, Piauí e em Sergipe. O albopictus foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1986, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Desde então, combatemos o mosquito junto com o aegypti”, garante Fabiano Pimenta, secretário-adjunto de Vigilância em Saúde do ministério.

Apesar da inexistência de casos de dengue transmitida pela espécie asiática, Pimenta diz que o órgão está em alerta, pois o inseto tem potencial para se transformar em um vetor da doença. Ele explica que os agentes de campo dos municípios são treinados para coletar e eliminar as larvas das duas espécies. “Não vamos pagar para ver a sua capacidade.”

O Aedes albopictus é tema de diversos estudos que monitoram seu avanço no país e que buscam estabelecer as principais diferenças entre ele e o Aedes aegypti. O maior problema apontado pelo secretário do Ministério da Saúde é que o albopictus tem maior capacidade de resistir ao frio e maior capacidade de criar gerações que já nasçam infectadas por vírus que podem ser transmitidos ao homem (transmissão vertical). “Mas vale lembrar que esse hábito não está confirmado no país. Estamos atentos à adaptação da espécie a uma nova realidade”, afirma Pimenta.

Autora de um estudo em andamento sobre as principais diferenças entre o aegypti e o albopictus, a bióloga da Fundação Oswaldo Cruz Tamara Camara observa que o fator preocupante em relação ao mosquito asiático é que se trata de uma espécie de áreas silvestres com capacidade de se adaptar bem ao meio urbano. “O albopictus pode ser uma verdadeira ponte entre esses dois ambientes, capaz de trazer ao meio urbano certos vírus, como o da febre amarela silvestre.”

Balanço
Balanço preliminar do Ministério da Saúde sobre a proliferação da dengue mostra que o país teve cerca de 760 mil casos da doença no ano passado. Entre janeiro e agosto, foram 734.384 pessoas infectadas, enquanto, no mesmo período de 2007, o número foi de 514.589. Foram 212 mortes em 2008, ante 158 no ano anterior. Com 240.411 ocorrências, o Rio de Janeiro lidera o ranking do levantamento parcial. Em seguida, vêm o Ceará (63.838), Minas Gerais (59.858) e o Rio Grande do Norte (42.952). Os dados consolidados devem ser divulgados nos próximos dias. De acordo com Fabiano Pimenta, o orçamento para combater a doença em 2009 deve ser pelo menos R$ 120 milhões maior do que o do ano passado, que ficou em R$ 1,08 bilhão.

Moradora há 13 anos da Cidade Estrutural, Guiomar dos Santos, 52 anos, não pode nem ouvir falar em dengue. Infectada pela doença no ano passado, ela se lembra até hoje do período de angústia e sofrimento. “Foram 11 dias com dores de cabeça, nas juntas e nos olhos, além de moleza, tontura e boca seca”, conta a auxiliar de serviços gerais do Ministério da Saúde. Precavida, ela comprou um mosquiteiro para se proteger dos insetos. Más recordações tem também o palhaço Luciano Piantino, 47 anos, infectado durante uma viagem à Índia, em 1992. Apesar de ter contraído a doença há 7 anos, Piantino não esquece a experiência. “Foi um dos maiores apertos da minha vida, sobretudo porque estava sozinho e fora do Brasil”, relata.

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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