acentuadíssima, sobretudo na pronúncia e no emprego de palavras novas. Até arcaísmos lusos ressuscitaram cá e são correntes de norte a sul. Um deles foi tomado como brasileirismo: o emprego do pronome pessoal “ele” como complemento direto. Ora, isso é coisa velha, forma anterior ao descobrimento do Brasil. Dizem os escabichadores de antigualhas que é de uso corrente nos cancioneiros, na “Demanda do Graal”, no “Amadis”; etc. E citam em Fernão Lopes muito ”viu ela’, ”nomeamos ele”, etc., — de Fernão Lopes! um dos grandes pais da língua lusa. - . . .
Não é brasileirismo, pois, essa forma velha. É um :.... lusitanismo ressurreto na colônia.
Hoje, do Amazonas ao Borges, o “ele” e o “ela” desbancaram o “o” e o “a” na linguagem falada, apesar da resistência dos letrados e da língua escrita. Não nos consta que algum escritor de mérito usasse na prosa ou no verso esse pseudo brasileirismo, embora falando familiarmente incida nele. Mas dia virá em que se rompa essa barreira, porque as correntes populares são irresistíveis, os gramáticos não são donos da língua, e esta não é uma criação lógica.
Verão, pois, nossos netos um futuro Rui, de tanta autoridade como o atual, abrir uma oração política da mais alta importância com esta, forma que inda choca o beletrismo de hoje: O Brasil, senhores, amei ele o mais que pude, servi ele o que me deram as forças, etc.
E verão um futuro Bilac lançar um “ouvir estrelas” assim:
Ontem divisei ela
na janela...
Será isso simplesmente a reabilitação da forma lusa dos preclássicos, já vitoriosa na língua falada de hoje.
Riem-se? Não é matéria de riso. É a anotação singela da marcha dum fenômeno.
Ainda nos detém hoje o medo à férula dos gramáticos d’além mar e de seus prepostos no Brasil. Não obstante, a corrente do “ele”. cresce dia a dia e acabará expungindo a do “o”....
Nas classes cultas a diferença é menor, se bem que