Sou meio desconfiada com Cláudio Moura Castro, pois sei que ele pertence
àquela tropa do PSDB, daquela visão privatista da educação, do Paulo Renato
& Cia, etc. Mas não posso deixar de reconhecer que ele tem uns lances de bom
senso e um faro muito bom; enfim, o cara sabe botar o dedo nas feridas da
nossa educação. Nesse último artigo dele na Veja, ele mais uma vez abordou
um tema muito importante. Eu concordo plenamente. O ensino das habilidades
básicas (leitura e escritura) necessárias ao domínio do uso e da
aprendizagem de línguas, o compromisso com a democratização da norma culta,
o estímulo à reflexão sobre a língua, o ensino produtivo da gramática devem
ser prioritários na escola. Todo bom leitor é bom aprendiz; pessoas que
escrevem bem (não precisam ser artistas, basta escrever decentemente),
organizam melhor o seu discurso e terminam organizando também o pensamento.

Agora estamos sentindo o resultado de anos e anos de descaso em relação ao
ensino de línguas na escola (materna e estrangeiras). Durante os últimos 20
anos assistimos à transformação da gramática e do livro didático em sacos de
pancada da Linguística. E depois da famigerada abordagem construtivista (o
aluno aprende sozinho) e dessa ridícula proposta de aprender a aprender,
sem falar no esvaziamento de conteúdos que as pedagogias modernosas vêm
promovendo nos currículos escolares, o ensino no Brasil entrou numa rota
perigosa de verdadeira auto-destruição. No nosso estado, a educação pública
está chegando a um patamar perigoso: daqui a pouco não tem mais volta: é
tanta paralisação, há falta de professores, e um índice muito alto de
absenteísmo de professores às aulas. Além de tudo isso, no ensino de
Português, os professores estão cada vez mais relaxando a prática da leitura
e da escrita, e o ensino da gramática não faz sentido, porque os
professores também não têm fundamentação para uma abordagem significativa da
metalinguagem.
´
Há algo de podre nessa perversa proporção: os programas de pós-graduação em
Letras e Linguística estão cada vez mais numerosos e eficientes, enquanto
isso, o ensino de línguas nas nossas escolas está cada vez pior.

Fiquemos por aqui.


Maria Inez Matoso Silveira
Fonte: CVL
Categoria pai: Seção - Notícias

Pesquisar

PDF Banco de dados doutorado

Em 06 de novembro de 2024, chegamos a 2.394 downloads deste livro. 

:: Baixar PDF

A Odisseia Homero

Em 06 de novembro de 2024, chegamos a  8.349 downloads deste livro. 

:: Baixar PDF

:: Baixar o e-book para ler em seu Macintosh ou iPad

Uma palavra depois da outra


Crônicas para divulgação científica

Em 06 de novembro de 2024, chegamos a 15.809 downloads deste livro.

:: Baixar PDF

:: Baixar o e-book para ler em seu Macintosh ou iPad

Novos Livros

 





Perfil

Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

Leia Mais

Publicações

Do Campo para a cidade

Acesse: