No Brasil, 11,5% das crianças de oito e nove anos são
analfabetas, segundo o IBGE. O percentual supera a média nacional entre
adultos, de 10%. No Nordeste, o índice infantil vai a 23%. No Maranhão
atinge o pico nacional: 38%. Apesar de ter havido redução significativa
desde 1982, quando o índice nacional era de 47%, o ritmo da melhora vem
caindo. Se for mantido, o país não cumprirá a meta, estabelecida pelo
movimento Todos pela Educação, de ter 100% das crianças plenamente
alfabetizadas até 2022. A Provinha Brasil, do Ministério da Educação, que
também avalia o nível de alfabetização no segundo ano do ensino fundamental,
vem apresentando resultados igualmente dramáticos. Os dados reforçam a
necessidade de dar mais atenção à pré-escola. Entre as crianças que têm de
quatro a seis anos, 22% estão fora do pré -fonte certa de estímulos e
elementos pedagógicos de grande valia para o desenvolvimento intelectual
infantil.
As crianças mais pobres são as que estão mais afastadas da estrutura
escolar. Entre famílias cuja renda per capita é de mais de cinco salários
mínimos, apenas 5,5% das crianças de quatro a seis anos estão fora da
escola. Já entre as que têm renda de até um quarto de salário mínimo per
capita, o índice salta para 30%. A redução da idade mínima obrigatória
para ingresso no ensino fundamental -de cvlsete para seis anos- foi decerto
benéfica. O governo já discute com os municípios, principais responsáveis
pela educação infantil, *a possibilidade de tornar obrigatória também a
frequência na pré-escola.* *A universalização e a devida valorização dessa
etapa escolar são estratégicas para o país. *É preciso investir mais na
instalação e na qualificação da rede de pré-escolas e de creches. Do
contrário, o analfabetismo em crianças que já deveriam dominar o básico da
língua não será extinto num prazo visível.