Da gansa que botava ovos de ouro à corrida entre a tartaruga e a lebre, as fábulas de Esopo são famosas por ensinar lições de moral, e não por serem literalmente verdade. Mas um novo estudo mostra que pelo menos uma delas pode ser fiel aos fatos.
Trata-se da fábula do corvo sedento. O pássaro encontra uma jarra com o nível da água baixo demais para que possa alcançá-la com o bico. O corvo então eleva o nível da água jogando pedras na jarra. Moral: devagar se vai ao longe ou, em outra interpretação, a necessidade é a mãe da invenção.
Agora, cientistas informam que um tipo de corvo que existe na Europa e na Ásia, o Corvus frugilegus, usa o mesmo truque das pedras para alcançar uma minhoca flutuante. Os resultados de experimentos com três pássaros são publicados na edição desta quinta-feira pelo periódico Current Biology.
Vários tipos de corvo já demonstraram a capacidade de usar ferramentas, em experimentos realizados anteriormente.
O cientista Christopher Bird, da Universidade Cambridge, e um colega expuseram corvos a um tubo de plástico de 15 cm de altura, contendo água e com uma minhoca na superfície. Os pássaros usaram o truque de jogar pedras espontaneamente, e pareceram fazer uma estimativa do número de pedras que seria necessário. Eles aprenderam, depressa, que pedras maiores funcionavam melhor.
Em comentário que acompanha o artigo que descreve o estudo, os pesquisadores Alex Taylor e Russell Gray, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, notaram que, em um experimento anterior, os mesmo pássaros haviam jogado uma única pedra num tubo, para liberar a comida presa no fundo.
Então, talvez estivessem apenas repetindo a estratégia no novo experimento.
Mas Bird argumenta que o resultado é mais significativo que isso: os corvos usaram várias pedras em vez de apenas uma antes de tentar pegar a minhoca, e foram pegá-la no alto do tubo, em vez de procurar embaixo.
(Fonte: Estadão Online)