HUMANIZAR  A  LINGUAGEM  EM SALA DE AULA  : COMO ?

 

Francisco Gomes de  Matos, Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara,

Centro de Artes e Comunicação,UFPE,Recife.  e-mail : \n O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. > O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

 

O Brasil  já possui uma Tradição Pedagógica notável,na qual destaca-se mundialmente

 

a significativa contribuição de Paulo Freire, através de  suas obras, incentivadoras de

 

tantas  pesquisas teóricas e aplicadas  nas áreas da Educação, da Psicologia  e   do

 

Letramento (ou,para usar o termo preferido em Portugal, Literacia). Assim,  no

 

singularíssimo  The Literacy Dictionary ,edição da  Associação Internacional de

 

Leitura (1995; nova edição impressa e on-line em fase inicial de planejamento ),

 

encontramos um verbete sobre Educação Emancipadora, de inspiração Freiriana.

 

No volume Literacy. An Introduction, do pesquisador britânico Randal Holme

 

(publicado pela Editora da Universidade de Edinburgo em 2004), há oito  menções

 

ao pensamento pedagógico do autor de  Pedagogia do Oprimido (traduzida em

 

várias línguas). Naquele livro escocês  , define-se  Pedagogia Participativa como

 

uma forma de letramento associada a Paulo Freire.Tem a ver com o direito que

 

têm os educandos  de questionarem  a linguagem que  aprendem  como leitores

 

e produtores textuais, para que seus questionamentos os ajudem a compreender

 

melhor o mundo,principalmente  as circunstâncias  que levam muitas dessas

 

pessoas a serem  oprimidas  ou vitimizadas  no sistema educacional.

 

Recentemente, ao fazer uma palestra em  Porto Alegre na Convenção

 

da APIRS – Associação de Professores de Inglês do Rio Grande do Sul –

 

dei exemplos de como  a linguagem usada por  educadores  pode  manifestar

 

autoritarismo, poder sobre  o  “ próximo”. A  seguir ,partilho , a exemplificação,

 

mais ampliada, explicitando  alternativas  humanizadoras  das expressões

 

questionadas. Para facilitar a  compreensão deste exercício tradutório (do

 

vocabulário desumanizador  ao humanizador ), explicito em parênteses,a alternativa

 

positiva  desejável, em  cada  exemplo. Caberá aos leitores  ,se atuantes  em alguma

 

 missão educacional,  complementarem a listagem ,fazendo uso   dessa

 

estratégia  para   auto-conscientização  ou  para debate em cursos  de

 

formação de professores , à luz dos  princípios formulados por Paulo

 

Freire,no livro citado, bem como em sua Pedagogia  da Autonomia.

 

As partes questionáveis de  cada  exemplo estão grifadas. A maioria

 

dos exemplos foram ouvidos em  aulas  observadas  por este articulista

 

articulista,em  trinta e cinco anos de prática docente.Alguns usos  desumanizadores

 

foram encontrados em manuais destinados a professores .Tratam-se de  violações

 

dos direitos  dos educandos, aspecto pouco  pesquisado entre nós.

 

USOS QUESTIONÁVEIS  DE  PORTUGUêS  EM SALA DE AULA

 

1.                     Vou deixar  vocês consultarem o dicionário nessa tarefa ...

(Usem ..............,se quiserem)

 

2.                     Não permito o uso  de gírias em  redações  acadêmicas

  desaconselhável  ou inadequado  usar .......)

    

3.                     Às  vezes , forço o aluno a dizer a  palavra mais de duas vezes,

para que consiga pronunciá-la  bem.

(peço ao aluno que diga ....; desafio o aluno a dizer ....)

   

4.                     Para  ocupar  todos os alunos,  mando a  turma formar grupos

         (  sugiro,recomendo,peço aos alunos que  formem  grupos)

 

5.                     Este trabalho  tem que ser digitado

   (É desejável que  este trabalho seja digitado ).

 

6.                     Quero que não me interrompam, quando eu estiver apresentando

 um assunto novo

(Agradeceria  se  esperassem até depois de minha apresentação,para

 fazerem perguntas)

7.                     Vou logo avisando: esse problema  é bem difícil, por isso,vocês devem

prestar toda atenção

(O problema que vamos estudar  é desafiador, mas  vocês vão entender e saber

 soluciona´-lo,tenho certeza)

   

8.                     Sigam  as instruções, como estão no material didático.Está tudo muito

claro.

( Leiam as instruções.Se  houver alguma coisa que não compreendem

plenamente, exerçam seu direito de  pedir que eu explane a explicação)

   

9.                     A  consulta à  Internet  só pode  ser  feita  na Biblioteca  da Escola

(Se você preferirem consultar a Internet em casa, tudo bem )

   

 10. Quando for hora de  fazer perguntas,pedir explicação, eu digo

(Vamos combinar os momentos para esclarecimentos ? Consensemos...)

 

Nesta era em que  universidades ,faculdades e outras instituições de ensino

 

começam  a oferecer  Programas,Seminários,Disciplinas do tipo  Educar para os

 

Humanos (caso da UFPE), buscando-se  humanizar e dignificar as relações

 

interpessoais ,intra  e intergrupais, a Lingüística da Paz  tem uma contribuição

 

a oferecer , por isso, aos interessados  nesse movimento universal pela

 

humanização comunicativa   sugerimos a consulta  ao livrinho de nossa autoria,

 

Comunicar para o Bem. Rumo à Paz Comunicativa ,publicado pela Ave Maria,

 

agora em segunda edição.

 

Ao humanizarmos nossas maneiras de  conversar com  os  alunos, estaremos

 

contribuindo para  a humanização do mundo  beligerante,violento em que

 

vivemos. Que os ensinamentos de Cristo  sejam integrados  nessas propostas

 

humanizadoras ,pois é dele que recebemos a inspiração-mor, para nossas

 

ações também comunicativas.

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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