Alerta contra mosquitos
Chuvas provocam a proliferação de insetos e aumentam riscos de dengue. Governo recomenda cuidados com focos da doença
João Rafael Torres
Paulo de AraújoCB
O número de mosquitos aumenta com o verão. A chuva e o calor propiciam a reprodução dos insetos, que precisam de água para completar o ciclo de vida. Eles também são atraídos pelas luzes artificiais, durante a noite. Na casa da funcionária pública Larissa Bortoni, no Lago Norte, os pernilongos tiram o sossego de toda a família. “Não dá para ficar parado. Temos que ficar cobertos o dia inteiro. Eles estão até dentro do carro, quando saímos para trabalhar”, reclama Larissa.
Alvo das picadas, Lucas, 11 anos, o filho mais novo da funcionária pública, combate os insetos. Junta os mosquitos que consegue matar num vidro. Quer mostrá-los para agentes de saúde, para saber se são da espécie Aedes aegypti, vetor da dengue. “Na escola, aprendi como fazer a prevenção da doença. Cuido para não ter água acumulada no jardim”, ensina o garoto.
Para a Secretaria de Saúde, Lucas está no caminho certo. De acordo com a gerente de Controle de Vetores da Vigilância Ambiental, Cristiane de Oliveira, a prevenção é a melhor forma de diminuir a ação dos insetos: “A população é o melhor agente para o controle de novos focos. Cuidados com a limpeza e com o lixo evitam a proliferação, especialmente dos transmissores da dengue”.
Inseticidas
Até o final de janeiro, foram notificadas 14 suspeitas de dengue. Nenhuma foi confirmada. De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Disney Antezana, a doença está sob controle. “Tivemos um surto nacional entre 2002 e 2003, com cerca de sete mil casos notificados. Desde então, as ações preventivas nos propiciaram bons resultados”, considerou.
Além dos riscos da dengue, o controle dos mosquitos também alivia o incômodo das picadas. Elas podem ser evitadas com repelentes para o corpo. Mas, se os pernilongos já deixaram marcas, o melhor é não deixar que as picadas evoluam para uma infecção. De acordo com a dermatologista Gladys Martins, do Hospital Universitário de Brasília (HUB), o segredo está na higiene. “Evite coçar as lesões, para não contaminá-las com bactérias. Dessa forma, os sintomas da reação alérgica causada pela picada passam mais rápido”, recomenda.
PROTEJA SUA CASA
Evite o acúmulo de água da chuva. O mosquito precisa dela para se reproduzir. Tampe caixas de água e reservatórios. Vire garrafas ao contrário e esvazie pneus. Também se preocupe com plantas cujas folhas possam acumular água. Vistorie, a cada semana, pequenos reservatórios que podem oferecer risco. Uma tampa de refrigerante, por exemplo, pode se transformar num criadouro de mosquitos.
Mantenha a limpeza da casa e do terreno. O lixo também pode se transformar em focos para os insetos e esconder pequenos reservatórios de água.
Cuidado com o uso de inseticidas químicos para o controle dos mosquitos. Aplique conforme orientação do fabricante e só em caso de necessidade. Algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas ao produto.
Dê preferência a repelentes naturais, como os óleos de citronela e alho, que afastam os insetos dos ambientes domésticos.
CUIDADOS COM A SAÚDE
Aplique produtos que ajudam a afastar os insetos da pele, que são vendidos em farmácias. Prefira os antialérgicos. Nas farmácias de manipulação ou homeopáticas é possível encontrar produtos feitos à base de extratos vegetais.
A alergia provocada pela picada do mosquito pode ser aliviada com compressas de água boricada e, se for necessário, com pomadas e cremes específicos.
Evite coçar as picadas. Isso poderia contaminar a lesão e provocar infecção, além de cicatrizes.
Se o número de picadas for grande, recomenda-se procurar um dermatologista.
RISCOS DA DENGUE
O Aedes aegypti é o mosquito vetor da dengue. É menor que um pernilongo comum, preto e tem hábitos diurnos. Nem todos estão contaminados. Eles só transmitem a doença se antes picarem alguém infectado.
A dengue é uma doença infecciosa, que dura em média 15 dias. A confirmação é feita por sorologia. Como é viral, não há um remédio específico para o tratamento. O médico controla os sintomas até que o organismo desenvolva anticorpos. O doente precisa ficar em repouso.
A dengue hemorrágica pode levar à morte e, em geral, se desenvolve nos pacientes.
Os principais sintomas da dengue são: febre acompanhada de náuseas, vômitos, dor atrás dos olhos, articulações, músculos. Se apresentar esses sintomas, procure uma unidade de saúde próxima à sua casa.
Da equipe do Correio
Lucas Bortoni captura mosquitos para mostrar aos agentes de saúde: cuidados para evitar a dengue
O tempo de chuva leva visitantes indesejáveis para a casa do brasiliense. São os mosquitos, que incomodam a população em praticamente todo o Distrito Federal. Não bastassem o zum-zum e as picadas dos insetos, o risco de proliferação da dengue também amedronta. A Secretaria de Saúde intensifica os cuidados para evitar um surto da doença, mas garante que a situação está sob controle. Só este ano, 14 pessoas foram internadas com suspeita da infecção.
Cerca de 800 servidores da secretaria, entre profissionais da saúde e agentes comunitários, trabalham no controle. Segundo a gerente, a incidência de pernilongos está sob controle. Por enquanto, não há necessidade de vaporizar inseticidas – o chamado fumacê. “Só usamos essa técnica quando há constatação de casos da doença. É uma forma de evitar que o mosquito fique imune ao produto usado na dedetização”, explica Cristiane.
Hora de prevenir
A citronela também pode ser empregada em velas aromáticas.
Feche as janelas no início das chuvas e antes de anoitecer para evitar o aumento dos mosquitos.