Apreensão de armas em escolas do DF no primeiro trimestre de 2007 supera o total de 2006. Média mensal de consumo de drogas é a maior em quatro anos

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Adriana Bernardes
Da equipe do Correio
Paulo H. CarvalhoCB
 
A diretora Maria José Fernandes transformou a escola numa fortaleza
 
 
A violência ameaça o ensino público no Distrito Federal. O cotidiano de brigas, roubo, uso e porte ilegal de armas no interior e nas imediações da escola deixam alunos e professores cada dia mais acuados. De janeiro até 23 de março, a apreensão de armas —14 no total — superou todos os casos ocorridos durante 2006, quando houve 13 registros (veja arte). E a média mensal de ocorrência de consumo de drogas já é a maior dos últimos quatro anos. No ano passado, as vias de fato (quando não há ferimento) lideraram o ranking de atendimentos pelo Batalhão Escolar — 38 ao todo — seguidas por lesão corporal e ameaça, com 22 registros cada.

Um levantamento da polícia junto a 560 instituições de ensino público e privado revelou que cerca de 40 escolas estão com o nível de potencialidade de risco alto. O mapeamento feito no segundo semestre de 2006 nas escolas da zona urbana servirá como diretriz para a atuação da polícia no combate e na prevenção das causas da violência. O nome e a localização das instituições são mantidos sob sigilo para evitar a estigmatização e o preconceito por parte da comunidade e, especialmente, a hostilização do aluno.

Quem se submete ao cotidiano de violência, muitas vezes é silenciado pelo medo de represálias. Na semana passada o Correio passou dois dias percorrendo oito escolas em Samambaia, Recanto das Emas e Ceilândia. Em todas elas há relatos de violência. O caso mais recente foi o do garoto de 13 anos agredido por colegas dentro do refeitório da escola no dia 6 deste mês. Socorrido por um professor e levado ao Hospital de Base, ele passou nove horas desacordado, segundo a família.

No Centro de Ensino Fundamental 25, em Ceilândia Norte, o pesadelo da estudante Paula*, 22 anos, é o grupo de adolescentes e jovens que se forma no portão principal da escola. Ela diz ter sido vítima de roubo pelo menos três vezes nos últimos dois anos. “No outro dia eles estavam aí. Como se nada tivesse acontecido. Você fica com cara de palhaço e sabe que a qualquer hora pode acontecer de novo porque a polícia não está presente todo o tempo”, indigna-se.

A presença dos jovens na porta da escola — eles não estão matriculados na instituição — é rotineira e desencadeia todo tipo de violência, afirma o vice-diretor da instituição Geraldo Elson de Souza. “Do portão para dentro, nós conseguimos controlar. Somos considerados linha-dura, por exigirmos pontualidade e permanência dentro das salas de aula”, relata. “Mas aí fora, as brigas e o uso de drogas são normais”, denuncia. O caso mais recente de violência foi o de uma aluna do noturno que há duas semanas levou um soco no olho porque uma garota achou que ela a estava encarando.

Mas a violência não ocorre apenas do portão para fora. Há 15 dias a briga entre três alunos do Centro de Ensino Fundamental 619, em Samambaia Norte, resultou na apreensão de uma faca de cozinha. Dois deles acabaram transferidos para outra instituição. A direção apurou que a briga teria sido motivada pela morte de um adolescente. “Um amigo do que levou a faca teria assassinado o colega dos outros dois alunos e, por este motivo, acabou ameaçado por eles e se armou”, conta Jaeder Maia Cardoso, que faz o apoio à direção da escola.

Para amenizar o problema das invasões, a direção do Centro Educacional 7, em Ceilândia Norte, transformou a escola em uma grande fortaleza. Grades, portões de lata com até três tipos de tranca e reforçados com barras de ferro, dividem o pátio das quadras de esporte. “Antes disso, era comum a presença de estranhos misturados às crianças na hora do intervalo e até dentro das salas de aula. Sem falar do roubo, da depredação do patrimônio público e das brigas”, relata a diretora Maria José Fernandes.

O acesso é facilitado por, pelo menos, três grandes buracos no muro. No ano passado, as aulas de educação física chegaram a ser suspensas porque a diretora avaliou que alunos e professores estavam em perigo. Na última semana o Correio assistiu a uma aula dessas. Durante todo o tempo cerca de 15 jovens — que não eram alunos da instituição ou estudavam em outro horário — disputaram a quadra e a bola com os alunos da 5ª série. A professora pediu para ter o nome preservado, pois teme represália. Mas relatou que a dificuldade é diária e que nem mesmo a presença da polícia inibe as invasões. “Eu não posso bater de frente com eles porque não sei o que pode acontecer comigo fora do colégio. A gente vai pedindo com jeito e trabalhando como dá”, lamenta.
 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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