Cara Rosaura e demais colegas,

Li o relatório encomendado pelo congresso em 2003. Entendo o que diz a
Rosaura, mas
penso que há enganos da parte de quem o critica a priori, ou talvez muita
pressa em rejeitá-lo sem absorver e sem ler a bibliografia.

1. Não vi nele defesa do behaviorismo. Pelo contrário, é considerado um
momento ultrapassado nas práticas educacionais.

2. A abordagem que chamam de whole language approach (de Smith, do início
dos anos
70) e que é conhecida no Brasil em sua versão chamada construtivismo - assim
diz o
relatório - é igualmente visto como uma etapa ultrapassada em todos os
países da OECD. Como se sabe, apenas Brasil e México adotam esse método, com
péssima avaliação em leitura no PISA.

3. A abordagem fônica que propõem não é uma volta ao b-a-bá. É uma síntese
das outras duas, ou seja, é preciso um princípio fônico - com o que concordo
inteiramente, já que nossa escrita se baseia nesse princípio - e algumas
práticas top-down. Nada linear, pelo contrário, práticas variadas, que vão
desde vocabulário até caligrafia.

O que entendi é que os nossos parâmetros acham que aprender a ler e ler NÃO
SÃO duas coisas diferentes.

Daí serem tratados como disciplina de português.
A imagem que usam nos PCNs é que essas duas práticas não são um foguete de
duas etapas, o que me parece ser falso. Nossos números mostram que são 2
etapas. Minha experiência mostra que é.

Por exemplo, quando criança, era
prática comum em minha família a leitura em voz alta de livros infantis. Os
adultos liam e as crianças, ainda analfabetas, entendiam as estórias. Havia
leitura por parte de adultos e compreensão por parte de crianças analfabetas
e de adultos. Ler e entender a leitura são duas coisas diferentes, apenas o
que se deseja é que a MESMA criança faça a leitura e entenda o que está
lendo.

Entendo essa primeira etapa, alfabetização, como uma etapa centrada na
decifração do código. Daí para a frente há muitas coisas, muito chão, até a
criança adquirir fluência (top-down E bottom-up). Ou seja, até automatizar a
decifração (bottom-up), o que libera espaço na memória de curto praso para
processar o significado. Ou seja, até que possa se concentrar apenas no
significado, como uma criança que está apenas ouvindo estórias lidas por
outra pessoa.

Acompanhei esse processo com um neto que leu o primeiro livro do Harry
Potter, ainda consciente do processo de leitura. Quando leu o segundo,
comentou comigo: engraçado, até esqueci que estava lendo! - tinha se
tornado um leitor fluente e daí para a frente lê muito e com compreensão.

A fluência em leitura não é coisa fácil, leva uns 3 anos, mas quando não é
atingida, temos um leitor sem compreensão, um analfabeto funcional em algum
grau de analfabetismo (pode haver vários graus). E é difícil de corrigir, se
é que é possível.

Então, a minha preocupação é apenas com vencer essa primeira etapa e tornar
essas crianças proficientes em leitura para poder ingressar no mundo
letrado. Esse é que é meu objetivo- letramento - a alfabetização me
preocupa por permitir o letramento formal. Mas insisto que os números não
estão apoiando as práticas atuais de alfabetização. 74% de analfabetos e de
analfabetos funcionais é um desastre nacional. O que quer que esteja sendo
feito não está dando conta do recado.
Abraços
Lucia

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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