No ensino, boas e más notícias ( Correio Braziliense)
Os indicadores sociais do IBGE para a educação trazem boas e más notícias. A boa é que a freqüência de crianças e adolescentes à escola teve aumento significativo na última década. Entre as crianças com idade até 3 anos, essa taxa saltou de 7,4% para 15,5%. Na faixa etária de 4 a 6 anos, subiu de 53,8% para 76%, registrando um aumento de mais de 40% no total. Entretanto, a defasagem — quantidade de alunos matriculados anualmente —no ensino fundamental caiu 41% de 1996 até o ano passado.
Apesar de o IBGE registrar números positivos, as estatísticas reforçam a tese de que estudantes pobres e negros são responsáveis pelos piores indicadores no ensino. Em 2006, por exemplo, a taxa de analfabetismo entre negros foi de 67,4%, ou seja, mais que o dobro da registrada entre os brancos (32%). No Nordeste, a situação é mais grave: uma em cada cinco pessoas, independentemente da cor, declarou que não sabe ler nem escrever um bilhete simples.
Apesar de ter diminuído, o contingente de analfabetos no Brasil com idade acima de 15 anos foi de 14 milhões de pessoas no ano passado, o que coloca o país no grupo das 11 nações com mais de 10 milhões de não-alfabetizados, ao lado da Índia, Etiópia e Nigéria, entre outros.
O acesso às universidades também favoreceu mais os estudantes brancos. Entre 1996 e 2006, houve um aumento de 25,8 pontos percentuais no número de estudantes de pele clara de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior, já que a taxa saltou de 30,2%, para 56%. Entre os estudantes negros, o aumento foi de 7,1% para 22%, ou seja, 15 pontos percentuais.
A pesquisa reafirmou que as universidades públicas brasileiras são pouco freqüentadas por estudantes pobres. Aqueles quem têm rendimento mensal de até meio salário mínimo ocupam apenas 1,8% das vagas nessas instituições. Em compensação, as pessoas que recebem mais de cinco salários mínimos por mês preenchem 54,3% das vagas em instituições pública.
Na Região Nordeste, a proporção entre ricos e pobres nas universidades públicas é mais evidente. Os alunos com a menor renda mensal per capita representam 0,6%, enquanto aqueles que fazem parte das famílias mais ricas totalizam 68,5%. No Centro-Oeste, essa diferença é um pouco menor. Os universitários carentes ocupam 2,6% das vagas, enquanto os da faixa mais rica representam 47,8% das vagas.
A diferença entre estudantes negros e brancos é ainda mais gritante entre pessoas com 15 anos de estudo, isto é, com idade suficiente para já ter concluído curso superior. Em 2006, 78% delas eram brancas, e apenas 3,3% negras.
O IBGE mostrou ainda que apenas 47,1% dos estudantes entre 15 e 17 anos freqüentam o ensino médio no Brasil. Em alguns estados das regiões Norte e do Nordeste, esse número não chega a 30%. (UC)
Números positivos
Trabalho infantil A pesquisa mostra que houve uma redução no percentual de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos que estão na labuta:
1996 - 18,7% 2006 - 11,5%
Alfabetização de adultos O país tem 14,4 milhões de pessoas analfabetas com mais de 15 anos. A maioria está concentrada na camada mais pobre da população. Hoje, o percentual de adultos alfabetizados representa apenas 5,8% da população. Dez anos atrás essa taxa passava dos 20%.
Fonte: IBGE
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