(Fonte: CVL-
Lisboa, 02 Nov (Lusa) - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, se recusou nesta sexta-feira a adiantar uma data para a entrada em vigor do acordo ortográfico da língua portuguesa, mas salientou a importância desse entendimento.
Isso [data para entrada em vigor] só com bolinha de cristal, que eu não tenho, afirmou Celso Amorim à Agência Lusa, ao final de uma audiência com o primeiro-ministro português, José Sócrates.
O chanceler brasileiro frisou que não abordou este tema com Sócrates, mas apenas com o ministro português das Relações Exteriores, Luís Amado, e no Conselho de Ministros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).
Todos reconhecemos que é importante ter o acordo ortográfico, até para fortalecimento da língua, afirmou Celso Amorim. Para que possamos todos trabalhar em conjunto, o acordo é fundamental. Como podemos trabalhar se um diz actual e o outro, atual?, exemplificou.
Acordo
Por outro lado, o ministro admitiu que é necessária compreensão pela demora de alguns países em adotar o acordo.
Em princípio, a ortografia comum da língua portuguesa já poderia entrar em vigor, porque três dos oito países lusófonos - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - já ratificaram o acordo e também o protocolo modificativo ao acordo.
O protocolo modificativo - aprovado em 2004, em São Tomé e Príncipe, durante a cúpula dos chefes de Estado e de governo da CPLP - permite que o acordo vigore com a ratificação de apenas três países da CPLP, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da organização adotem o mesmo procedimento.
Recentemente, Portugal propôs um prazo de dez anos para colocar o acordo em vigor.
Segundo especialistas, as modificações propostas no acordo devem alterar 1,6% do vocabulário de Portugal. No Brasil, a mudança será menor, já que apenas 0,45% das palavras terão a escrita alterada.