Opinião publicada hoje (24208) no Jornal de Angola

O autor é Francisco Fernando da Costa Andrade, escritor angolano mais conhecido pelo pseudônimo com que assina o texto

 

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Ndunduma Wé Lépi|

Após um longo período de ausência por motivos não totalmente ultrapassados, uma vez que as makas com a vista exigem demora e paciência, sem garantias “a priori” de total recuperação, sobretudo quando o “respeitoso” tratamento de “Mais Velho” exige perceber o verdadeiro sentido e propósito do seu uso, regresso sem fogareiro, para assar mais uns pedaços de mbombó & uns bagos de ginguba.
O tema que hoje passo pelas brasas, já me motivou há pouco tempo, um texto publicado nesta coluna, com laivos de boa disposição. Ultimamente, tem sido objecto de artigos, opiniões, análises, sugestões, de múltiplas e afamadas autoridades na matéria, dentre as quais: Maria Lúcia Lepecki (Brasileira), José Eduardo Agualusa (Angolano), Mia Couto (Moçambicano), Wa-Zani, etc. Acabo de ler que o Professor Eduardo Lourenço se pronunciou a respeito, indiscutivelmente. Trata-se do badalado acordo ortográfico da língua, que mais ou menos, melhor ou pior, usamos na nada fácil e multifacetada actividade da escrita e da fala, nas várias pátrias heterónimas. Lepecki e Mia Couto consideram-no desnecessário, Eduardo Lourenço considera-o dispensável. Eu acho-o contra-producente mas claro, não sou tido nem havido. Agualusa sugere que Angola adira à grafia brasileira, o que, de certo modo, tornaria despiciendo o Acordo, para tornar-se uma eventual atitude unilateral com vantagens económicas e comerciais para o Brasil. A nós, nessa esfera, só serviria se fosse desatado o verdadeiro nó górdio da questão: desenvolvimento industrial e livre circulação do livro, não apenas técnico, sem taxas proibitivas. O prosseguimento da situação actual ao menos permite aos novos países independentes que somos, iniciativas de livre e democrática possibilidade de evoluirmos também, no capítulo da língua e respectiva ortografia, como de resto aconteceu e acontece com o Brasil. Não se exclua a observação das incidências que a adesão de Portugal à União Europeia vai revelando aqui e ali, sobretudo na informática, na alimentação e bebidas, na transportação, no turismo, nos comentários à gestão económica e política, para apenas citar estes breves aspectos. Não obstante o assinalável esforço do nosso país, nestes seis anos, de guerra por outros meios, Angola continua a lutar (felizmente a vencer!), contra uma grande taxa de analfabetismo. Mas persiste a ausência de livros, jornais, revistas, televisões, rádios, numa palavra, escassez de acesso à cultura geral, que desperta e forma o conhecimento. Ao trinco de excepção chamam livro técnico, porque são poucos os técnicos, que os importam. Compram-nos fora quando viajam. É muito mais barato. O desenvolvimento da língua de unidade e das outras, como a pensem, criem, usem, enriqueçam, a diversifiquem, os próprios angolanos, tal como tentam fazer, em todos os domínios possíveis e acessíveis à sua condição de cidadãos livres, independentes, empreendedores, particularmente na economia, na reconstrução material e das mentalidades, não interessa alguns gestores das pautas do ferrolho. Por outro lado, não é difícil detectar numerosos anglicismos, no português brasileiro, como no português português, francesismos, espanholismos, italianismos e outras origens que o acordo nos faria

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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