Dos 20 melhores colégios do país no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), oito estão na cidade do Rio de Janeiro. Os resultados do exame por escola estão disponíveis desde ontem no site do Inep (instituto de avaliação e pesquisa do Ministério da Educação) e mostram também que, nessa seleta lista, encontram-se quatro de Minas Gerais e três de São Paulo.
As três escolas do país com melhor média são bem conhecidas de cariocas e paulistas. No Rio, o tradicional colégio de São Bento foi o que teve o melhor desempenho (82,96 pontos numa escala de zero a cem), seguido do também carioca Santo Agostinho (82,04 pontos) e do paulistano Vértice (81,67).
O quarto colocado vem de um Estado que não costuma aparecer entre os melhores quando se trata de indicadores educacionais: o Colégio Helyos, de Feira de Santana, na Bahia. Também constam do ranking das 20 melhores dois colégios do Piauí (o Instituto Dom Barreto, o melhor no Enem anterior, e o Educandário Santa Maria Goretti) e um de Pernambuco (o Colégio Equipe).
Apenas duas instituições públicas estão nessa lista, mas, mesmo assim, são colégios de aplicação vinculados a universidades federais: o CAp da UFRJ e o da Federal de Viçosa.
Esta é a segunda etapa de divulgação dos dados do Enem de 2007. Em novembro passado, o MEC já havia divulgado que a média dos estudantes da rede pública estava muito abaixo da dos da rede privada: 48 pontos ante 69 na prova objetiva e 55 ante 63 na redação.
Analisando apenas as melhores escolas públicas, fica claro que a rede federal destoa das demais. Das 20 com melhores médias no exame, 17 são federais. Novamente o Rio é o Estado com o maior número de instituições nessa lista, beneficiado pelo fato de a rede federal ser maior no Estado. Das três estaduais da lista, duas são vinculadas a universidades: o Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio e o Técnico de Campinas, da Unicamp.
Para Paulo Fábio Salgueiro, que já coordenou o vestibular da Uerj e é subsecretário estadual de Educação, não é possível determinar, nas escolas do Rio, uma característica única que explique o bom resultado dessas instituições. Ele lembra, porém, que a origem social dos alunos dessas instituições explica bastante o seu resultado.
São alunos de nível cultural muito elevado, mas esses colégios valorizam também o professor e pagam bons salários, o que mantém uma equipe docente na instituição por muitos anos, acumulando conhecimento. Não é à toa que os colégios públicos que se aproximam dos melhores da rede particular têm perfil semelhante: clientela específica, bons salários e planos de carreira atrativos, diz Salgueiro.
Apesar de ter as melhores escolas, quando se analisa a média da rede particular, o Estado do Rio não é o que aparece como melhor. Nas provas objetivas, por exemplo, a rede particular que se saiu melhor foi a do Distrito Federal (73 pontos, na média), seguida de Minas (72), Paraná (71) e São Paulo (71).

1º do país tem período integral e é só para meninos

Colégio de São Bento diz valorizar cultura clássica e formação humanística

Coordenadora afirma que bom corpo pedagógico e alunos com perfil socioeconômico elevado explicam o resultado

DA SUCURSAL DO RIO

O bom resultado do Colégio de São Bento no Enem não é surpresa para os cariocas. Além de já ter aparecido bem em outros Enems, o colégio sempre foi bem avaliado -quase sempre na primeira colocação- quando, na década de 90, a UFRJ e a Uerj divulgavam rankings de aprovação em seus vestibulares.
Segundo a supervisora Maria Elisa Penna Firme, além de fatores como bom corpo pedagógico e alunos com perfil socioeconomico elevado, um dos fatores que explica o bom resultado da instituição é a valorização de uma cultura clássica e da formação humanista. Temos aulas de história da arte, de apreciação musical, de filosofia e de sociologia que ajudam os alunos a ter acesso a um conhecimento mais amplo.
Além de ter a fama de um colégio rigoroso e tradicional, uma característica marcante do São Bento é o fato de até hoje ele não admitir meninas, apesar da pressão de alguns pais para que possam matricular suas filhas na instituição. Esse é um assunto que está em pauta, mas ainda não há definição, afirma a coordenadora.
Outro fator que explica o sucesso da instituição é o ensino em tempo integral. No ensino médio, os alunos entram às 7h30 e saem às 16h30. No horário da tarde, participam de atividades extracurriculares e outras diretamente relacionadas ao currículo, mas trabalhadas de forma diferenciada no horário da tarde, como oficinas de redação, de física e da prática em laboratórios. Além disso, há aulas de apoio, onde o estudante pode tirar dúvidas diretamente com os professores.
Acreditamos que o melhor lugar para estudar é na escola. Isso não substitui o estudo em casa, mas a presença de um professor ajuda muito.
Apesar de o colégio dizer que sua prioridade não é com a formação para o vestibular, a coordenadora diz que, no último ano, não há como não adaptar as atividades na escola à preparação para os exames.
Logo abaixo do São Bento no ranking do Enem entre os colégios cariocas aparecem dois outros estabelecimentos religiosos que sempre ficam nas primeiras posições dos rankings em provas: o Santo Agostinho, com unidades no Leblon (zona sul) e na Barra (zona oeste), e o Santo Inácio, de Botafogo (zona sul).
A novidade da lista dos melhores cariocas neste ano é o Mopi (Moderna Organização Pedagógica Integrada), da Tijuca (zona norte do Rio) que cobra uma mensalidade também elevada para os padrões do Rio (varia de R$800 a R$ 1.300), mas que tem uma proposta pedagógica bastante diferente da do São Bento, por exemplo. Foi a 1ª turma de ensino médio da instituição, com 12 de 14 alunos fazendo o Enem.
Para a diretora do Mopi, Regina Canedo, a característica do Enem -considerada por muitos educadores uma prova que exige mais raciocínio e menos decoreba do aluno- beneficiou sua escola por estar mais próxima da filosofia do Mopi do que provas de vestibulares mais tradicionais.
A exemplo do São Banto, o Mopi também oferece aos alunos um horário integral -ainda que algumas das atividades do contraturno sejam opcionais. Em termos de disciplina e tradicionalismo, o Mopi tem uma prática mais liberal. Seus alunos, por exemplo, participam dos conselhos de classe. Dessa maneira, eles aprendem a colocar de forma democrática o que sentem. Eles podem, democraticamente, fazer uma crítica a uma aula da qual não estão gostando, mas têm que aprender a fazer isso de forma respeitosa, diz Regina. Para ela, a diferença no perfil dos colégios melhor avaliados no Enem mostra que não há uma receita única para o bom desempenho.

No ranking das capitais, SP ocupa 10º lugar

Os estudantes de Vitória tiveram a maior nota média no Enem entre as 27 capitais; Cuiabá ficou em último no ranking

Se for considerada só a rede pública das capitais, a que obteve melhor desempenho foi Porto Alegre, seguida por Florianópolis e Curitiba

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os alunos da cidade de São Paulo tiveram a décima maior nota média entre as 27 capitais do país no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) do ano passado, atrás das capitais do Sul, de Goiânia e do Rio de Janeiro, por exemplo.
Em primeiro lugar, ficou Vitória -60,225 pontos em uma escala de zero a cem contra 54,119 dos estudantes de São Paulo. Em último, Cuiabá (46,936).
A média considera as notas da prova objetiva (perguntas e respostas) e da redação dos alunos de escolas privadas e federais, estaduais e municipais das capitais. Foi aplicado ainda um fator de correção -fórmula matemática para evitar que escolas com menor número de alunos que fizeram Enem tenham a pontuação distorcida.
Os dados do Enem por município e por escola foram divulgados ontem pelo Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC). A tabulação foi feita pela Folha -o instituto não o faz sob a alegação de ser contrário a rankings.
Se for considerada somente a rede pública das capitais, a que obteve melhor desempenho foi Porto Alegre, com 55,789 pontos, seguida por Florianópolis e Curitiba. Nessa lista, São Paulo mantém a décima posição, com 48,018.
Levando-se em conta apenas a rede privada, que é maior em São Paulo do que em outras cidades, a capital paulista vai para o 12º lugar, com 63,997 pontos, e a liderança da lista passa para a capital catarinense, com 69,674 pontos, seguida por Belo Horizonte e Aracaju.
Membro do Conselho Nacional de Educação e ex-integrante do Ministério da Educação e do governo do Distrito Federal em gestões petistas, Antonio Ibañez Ruiz diz que a posição da capital paulista não condiz com o orçamento nem com a qualidade dos professores do Estado e da cidade. É um problema muito sério, de descontrole pedagógico e administrativo, afirma.
O Enem é aplicado desde 1998, e a divulgação das notas de cada escola, só há três anos. O exame é voluntário, mas a participação nele é incentivada por diversos vestibulares que levam em conta sua nota e pelo Prouni (programa que dá bolsas em universidades particulares para estudantes carentes), já que é pré-requisito para o estudante se inscrever.
A avaliação é composta por uma proposta de redação e 63 perguntas que buscam avaliar as competências e habilidades dos estudantes, sem as chamadas questões conteúdistas, como as ensinadas nos cursinhos pré-vestibulares.
Na lista das vinte melhores colocadas, o Estado com maior número de escolas é o Rio de Janeiro: são oito, inclusive as duas mais bem colocadas -Colégio de São Bento e Santo Agostinho, ambas da rede privada. A primeira paulista da lista é o Vértice, da capital.
Para o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, porém, o Enem não diz qual é a melhor escola, apenas avalia o desempenho do estudante -que depende da escola, mas também das condições de ingresso, como o contexto socioeconômico e familiar. Na sua opinião, só podem ser comparadas escolas com públicos semelhantes, levando-se em conta também os valores de cada uma.
Ele afirma não ter se surpreendido com a ausência, na lista das 20 melhores, de escolas estaduais, pois o fato já havia sido notado em avaliações anteriores. As escolas estaduais regulares não aparecem na lista nem mesmo se for levado em consideração apenas a rede pública, sem as escolas federais, que têm desempenho superior ao das particulares.
Para elevar o padrão de qualidade das escolas estaduais e municipais ao nível das federais, o ex-ministro Cristóvam Buarque defende que os professores sejam escolhidos em concursos nacionais.

Na internet

Veja as médias de todas as escolas do país

ARTIGO

Sozinho, Enem leva a conclusão equivocada

Exame é importante para pais avaliarem escolas, mas não deve ser o único critério

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O Enem é hoje um precioso instrumento para ajudar os pais a avaliarem a escola de seus filhos, mas, quando analisado isoladamente, pode levar a conclusões equivocadas.
No ensino privado, por exemplo, olhar apenas para o topo do ranking dá a falsa impressão de que o setor é um oásis no meio da mediocridade da educação pública. De fato, a média das particulares é muito melhor do que a do restante -e não precisamos do Enem para saber isso. Mas o exame mostra também que o setor particular não é homogêneo.
Na cidade de São Paulo, as notas das escolas privadas variaram de 82 a 51 e 24% delas tiveram médias inferiores a 60. No Rio, o quadro não é muito diferente: da melhor para a pior, vai uma distância de 37 pontos (83 a 46) e 21% estão abaixo de 60.
Também é preciso considerar que boa parte do desempenho das melhores é explicado não por milagres pedagógicos, mas, sim, pelo fato de elas atraírem os alunos das famílias que mais investem em educação. Isso acontece, sem dúvida, também por mérito dessas escolas, mas acaba criando um círculo virtuoso que tende a colocá-las sempre no topo de avaliações como a do Enem.
No setor público, analisar só as melhores pode levar a conclusões ainda mais falaciosas. Os estabelecimentos com melhor avaliação no Enem se parecem muito com a escola do passado: têm qualidade, mas são para poucos. Ao selecionarem seus alunos por vestibulinhos ou testes de nivelamento, esses colégios atraem um perfil de aluno muito parecido com o da rede particular.
Nesse sentido, talvez não haja melhor exemplo do que a escola pública melhor avaliada no Enem nas provas objetiva e de redação: o Colégio de Aplicação da UFRJ. A direção da escola até tem se esforçado para democratizar o acesso, substituindo o vestibulinho por sorteios. A tarefa, no entanto, é difícil, considerando que a escola está localizada na Lagoa (zona sul do Rio).
O curioso é que o campus da UFRJ fica de frente para o complexo de favelas da Maré. Seu colégio de aplicação, no entanto, está num dos bairros de maior renda per capita da cidade. É público, mas, infelizmente, ainda elitista.

Ensino técnico se destaca entre as públicas

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Dentre o mau desempenho das escolas públicas do país, algumas ilhas de excelência se destacam. São as escolas de ensino técnico e os centros de aplicação, ligados às universidades federais.
Em comum, têm um corpo docente com melhor formação do que o restante do sistema público. Um exemplo: nas escolas técnicas paulistas (mantidas pelo governo estadual), que entraram na lista das melhores da capital, todos os professores têm nível superior, alguns já com mestrado.
Outra vantagem dessa rede é que, como a demanda por vagas é maior do que a oferta, as escolas podem selecionar os melhores estudantes.
Nas escolas técnicas de SP, a concorrência passa dos 20 por vaga (semelhante a vestibulares de universidades públicas).
No Colégio de Aplicação da UFRJ, o melhor público na média das provas objetiva e de redação, a preocupação em mudar o perfil do aluno fez com que a direção trocasse os vestibulinhos por sorteios em 1999. No entanto, no ensino médio, antes do sorteio, é feita uma prova de nivelamento.
A diretora Celina Costa diz que já é possível perceber alguma mudança no perfil do aluno. Alguns, conta ela, relatam dificuldade até para trazer um lanche de casa. Costa afirma, no entanto, que a localização da instituição, na Lagoa (zona sul do Rio), dificulta um pouco a entrada de mais alunos de perfil socioeconômico menor.
Para ela, os modelos dos colégios de aplicação não são aplicáveis integralmente ao ensino público, já que, por definição, são instituições vinculadas a universidades e que se beneficiam desse vínculo.
Algumas características do sucesso dessas escolas, no entanto, podem, em sua avaliação, ser adaptada. Entre elas Regina destaca a dedicação exclusiva do professor a uma só escola. Não temos laboratórios na escola e o prédio da escola se assemelha a muitos outros de colégios públicos.

Vértice, o melhor de SP, tem prova semanal

No colégio, cuja mensalidade varia de R$ 1.074 a R$ 2.306, avaliação inclui pontualidade e relações interpessoais

Oferta de disciplinas varia conforme o desempenho dos alunos, que assistem a 12 horas de aula por dia ao longo do terceiro ano

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os canteiros de flores com rosas, bambus e pimentas-malaguetas dão a impressão de que se trata de uma mansão nos Jardins ou no Morumbi. Apontada no Enem como melhor escola particular não só da capital, mas do Estado de São Paulo, o colégio Vértice, no Campo Belo (zona sul), é um labirinto de casas e sobrados.
O resultado, dizem alunos, professores, pais e diretores, é reflexo do acompanhamento personalizado, voltado mais para o lado humano e menos conteudista do que os tradicionais colégios paulistanos.
Para o terceiro ano do ensino médio, a atenção é em período integral, das 7h15 às 19h. Nas séries anteriores, as aulas são pela manhã e, em alguns dias da semana, à tarde.
As classes, com média de 30 alunos, são largas, mais compridas do que profundas, com apenas três fileiras. Não há espaço para a turma do fundão. Também não há lugar fixo. Um rodízio é promovido periodicamente para mudar a posição dos estudantes, que acompanham as aulas sempre em pares e estão à distância de poucos palmos dos professores.
E as inovações do Vértice não param por aí. O número de horasaula de cada disciplina varia conforme o rendimento dos alunos. Se boa parte vai mal em química no bimestre, haverá mais aulas da matéria nos meses seguintes.

Verificação
O bom resultado dos alunos, segundo os professores, decorre das avaliações semanais, chamadas de verificação de aprendizagem. E o estudo dos assuntos que são apresentados em aula é feito no mesmo dia, com exercícios e aulas práticas.
Isso é muito bom porque, se vou mal, vou logo atrás. Aprendi a gostar de estudar, diz Lara Reis, 16, aluna do terceiro ano que quer prestar vestibular para engenharia e arquitetura.
A recuperação dos alunos que se saíram mal nas provas é feita logo após o bimestre, de modo a não permitir pendências. Outra inovação é o sistema de avaliação, quantitativa (pelas notas em prova) e qualitativa (por bom comportamento, pontualidade, relações interpessoais e cumprimento de tarefas, por exemplo).
Além disso, aulas de educação para a vida em família abordam temas como violência, drogas, álcool, relação com os pais, auto-estima e sexualidade: ficar, namorar, a perda da virgindade e a primeira transa.
O projeto da escola já era voltado às competências do Enem, como compreensão de linguagem, antes mesmo de ele existir, diz Adílson Garcia, diretor e professor de biologia.
Mas o sucesso tem custo alto: de R$ 1.074 a R$ 2.306 ao mês. Mesmo com o preço salgado da mensalidade, quem está dentro não sai e quem está fora quer entrar. Para as cinco vagas da 4ª série no início deste ano havia lista de espera de 50 candidatos. Não há vestibulinho na seleção dos interessados. Famílias são convidadas a conhecer o regime da escola, e alunos passam um dia de experiência antes de serem admitidos.

Vestibular
No ano passado, 60% dos estudantes que prestaram vestibular da Fuvest passaram para a segunda fase, sem cursinho. Desses, metade foi aprovada.
Os alunos participam de aulas optativas que oferecem de cursos de artes, culinária, música e filosofia a debates sobre temas da atualidade.
Já chego em casa sabendo a matéria. Não existe isso de estudar para prova. Fazemos exercícios no mesmo dia da aula, diz Rafael Gollo, 17, aluno do Vértice desde o ensino fundamental e candidato ao vestibular de veterinária.

Móbile promove palestras e leva aluno a parque para estudar física

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Contardo Calligaris, Milton Hatoum e Daniel Galera foram alguns dos convidados pela Escola Móbile como palestrantes para alunos do ensino médio. O livro Mãos de Cavalo, de Galera, que não cai no vestibular, foi leitura obrigatória para o segundo ano. A vida é mais que vestibular, diz Blaidi SantAna, da direção da escola.
Ética e cidadania é um dos cursos obrigatórios, assim como música e teatro e encontros vocacionais e de autoconhecimento. Em 2007, alunos tiveram aula de física no Hopi Hari, fazendo simulações virtuais no parque de diversões. Filmes, peças de teatro e exposições são sugeridos, mas sem excursões -quem quiser ir, deve aparecer no local na hora combinada, com ou sem os pais, para treinar a independência.
Quando combinamos de ver Tropa de Elite foram umas 15 pessoas, conta Jéssica Cavalcante Schussel, 17. Para ela, uma das vantagens da escola é o tratamento dado aos alunos. Aqui você conhece todo mundo, as pessoas sabem seu nome. E é uma escola aberta à opinião, você pode reclamar. Pode até ser que não atendam, mas pelo menos alguém ouviu.
Thiago Santos Martins, 17, acha que a escola o ajuda a adquirir cultura. Também é bom ver um filme e uma peça e ter um espaço para discutir, diz.
Para a diretora-geral Maria Helena Bresser, é importante criar alguém saudável. Ou seja, valorize o seu lazer e ache que estudar é importante, alguém que administre a própria vida, diz ela, emendando que os estudantes são livres para assistirem ou não às aulas.

Após aula de 75 minutos, aluno do Santa Cruz vira voluntário

JOÃO PEQUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

São sete horas da manhã e nenhum aluno desce dos ônibus que passam em frente ao Colégio Santa Cruz (Alto de Pinheiros). Eles chegam de carro -vários importados- ou a pé.
O perfil cabe na mensalidade de R$ 1.515. É uma escola cara, assume o coordenador de ensino médio, Fábio Aidar, que faz questão de afastar a impressão de riquinhos alienados ressaltando que o Santa Cruz estimula o conhecimento crítico e a noção de cidadania.
Os alunos realizam ações comunitárias voluntariamente -como ensinar informática à noite para trabalhadores de baixa renda da região. E têm prática musical, cursos de artes e treinamento esportivo.
A concorrência para ser aceito é grande: cerca de 400 candidatos para 70 vagas.
É bem puxado, diz Matias Pereira, 16, do 3º ano. As aulas têm 75 minutos (em vez dos tradicionais 50), para dar aos professores tempo de apresentar palestras e recursos multimídia, diz Aidar. Um professor iniciante recebe R$ 7.461.

Alunos do Agostiniano Mendel vão ao exterior estudar inglês

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé, localizado na zona leste de São Paulo, os alunos passam duas vezes por ano por um simulado específico para o Enem.
Mas esse não é o único motivo para o bom desempenho do colégio na prova, de acordo com o coordenador-geral do ensino médio da escola, Luiz Felipe Fuke.
O segredo maior é a quantidade de aulas , afirma Fuke. Todas as manhãs, os alunos têm três blocos de aulas com uma hora e meia cada uma. Três vezes por semana, à tarde, os estudantes têm mais um bloco de aulas, com a mesma duração. Aos sábados, eles têm mais uma manhã com aulas extracurriculares.
Os alunos do terceiro ano do ensino médio têm ainda cursos preparatórios para os vestibulares das melhores universidades do país nas carreiras mais concorridas, como a FGV (Faculdade Getúlio Vargas), o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e a USP (Universidade de São Paulo).
O colégio também investe em reciclagem de professores. O perfil do bom professor do ensino médio é o que conhece bem a matéria que leciona e também tem um bom relacionamento com os alunos, afirma Fuke.

Viagem ao exterior
Para complementar a formação, todos os anos um grupo de alunos viaja com professores para fazer cursos de inglês em outros países por um mês.
Eles já foram para os Estados Unidos, Canadá e Austrália. Neste ano, cem deles vão para Londres. (TALITA BEDINELLI)

Bandeirantes, 2º melhor, expulsa reprovados

Alunos são classificados e divididos em turmas de acordo com a área; é usado ainda o critério do desempenho acadêmico

Segundo a escola, formação de turmas homogêneas com base nas competências e no resultado de notas ajuda no processo educacional

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É semana de provas no Colégio Bandeirantes (na zona sul de São Paulo). Entre um teste e outro, as bibliotecas ficam lotadas e os rostos dos alunos se escondem atrás de laptops -que são da escola e podem ser emprestados para o uso no local.
É lotado assim todos os dias, não apenas nas vésperas das provas, diz o coordenador cultural do Bandeirantes, Emerson Bento Pereira. A escola ficou em segundo lugar entre as melhores da capital paulista.
Nas prateleiras da biblioteca, estão disponíveis para os alunos mais de 28 mil exemplares de livros e enciclopédias, além de 64 títulos de revistas nacionais, 26 de estrangeiras e 18 dos principais jornais do mundo.
O colégio tem um padrão acadêmico bastante puxado, define o diretor-presidente da escola, Mauro de Salles.
Puxado, na concepção do Bandeirantes, implica uma fórmula educacional que expulsa os reprovados e estimula a concorrência entre os alunos. Quem não passa em mais de três disciplinas tem de estudar em outro lugar.
Além disso, os alunos são classificados e divididos em turmas de acordo com a área -humanas, exatas ou biológicas. As turmas são ainda compostas conforme o rendimento dos alunos. A classificação é refeita todos os anos, conforme as notas finais dos alunos.
Os bons ficam na turma A. Os medianos vão para a B, e os fracos, para a C.
Para o Bandeirantes, a homogeneização das turmas segundo suas competências e desempenho em notas ajuda no processo educacional. Com isso, o professor não precisa atrasar o desenvolvimento dos mais avançados para tirar dúvidas, às vezes básicas, dos mais atrasados. A escola diz também que isso permite que o professor possa dar um atendimento melhor aos que estão enfrentando dificuldades, dando mais atenção às explicações.
Para a direção, o segredo do sucesso está no investimento feito nos educadores. O professor de matemática Irineu Franco Júnior concorda. Ele iniciou um mestrado na Escola Politécnica da USP em 2000, teve que trancar o curso por falta de recursos e voltará em breve aos estudos com ajuda do colégio. Receberá um computador e auxílio para a compra de livros.
Dos 143 professores da escola, 12 fazem mestrado, 28 são mestres e dez, doutores. Além disso, 60% deles lecionam há mais de dez anos no local. Recebem salários que vão de R$ 44 a R$ 60 por hora de aula dada.

Etapa dá bolsa por desempenho e tem convênios com o exterior

DA REPORTAGEM LOCAL

Elder Yoshida, 15, ainda está no primeiro ano do ensino médio, mas já foi aprovado na Fuvest, como treineiro de biologia. Aluno do Etapa, ele ainda conseguiu 100% de bolsa pelo desempenho nos desafios de matemática e português da escola, que concede descontos aos mais bem colocados.
O colégio, que conseguiu o sexto lugar nas melhores da capital, dá aulas especiais e optativas aos interessados em disputar olimpíadas de química, física, matemática e informática. O estudo dessas matérias é a ponte que leva os alunos ao exterior, tanto para participar de torneios quanto para ingressar em graduações de universidades de outros países.
Carlos Bindi, um dos coordenadores, diz que o colégio é um dos poucos com estudantes selecionados para a graduação do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), renomado instituto científico nos EUA.
Há ainda convênios com instituições como Insa e Gay Lussac, na França, e Trinity College, na Austrália. Até Coréia do Sul é um destino possível: se aceito, o aluno pode prosseguir seus estudos na Universidade de Seul. Há até mesmo a opção de aprender coreano na própria escola -além de francês, alemão e espanhol.
As olimpíadas são outro trampolim para o exterior. Henrique Pondé, 17, se prepara para uma disputa no Vietnã. Já participei duas vezes das do Cone Sul, uma na Bolívia e outra na Argentina, conta.
O empenho da escola em exatas é explicado por Ermínia Sara Gallian, coordenadora de alunos novos: Ciências exatas estão no mundo todo; português, só aqui no Brasil. (MARIANA BARROS)

Estrutura de ensino superior impulsiona bom desempenho

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a escola técnica Cefet-SP (Centro Federal de Educação Tecnológica), o bom desempenho no Enem ocorre porque os alunos aproveitam a estrutura montada para os cursos de nível superior, como sistemas de informação e eletrônica de sistemas digitais, oferecidos pelos centros de ensino.
Na escola, por exemplo, 30% dos professores têm mestrado ou doutorado. Esses docentes dão aulas tanto no ensino médio quanto nos cursos superiores. Além disso, os alunos podem utilizar os laboratórios montados para os outros níveis de ensino.
Outro ponto que ajuda as escolas técnicas, segundo a própria Cefet, é que a procura pelas vagas é alta, o que gera a necessidade de fazer vestibulinhos. Assim, os centros conseguem fazer uma seleção e matricular os melhores alunos.

Primeira colocada no interior é mantida pelo Instituto Embraer

KARIN BLIKSTAD
DA AGÊNCIA FOLHA

Melhor escola particular do interior de São Paulo, de acordo com o Enem, o colégio Engenheiro Juarez Britto Wanderley oferece aulas do ensino médio para alunos vindos da rede pública de São José dos Campos, Taubaté, Caçapava e Jacareí. Criado em 2002, é mantido pelo Instituto Embraer de Educação e Pesquisa e tem 600 alunos. Mas o ingresso depende do êxito no concorrido vestibulinho: são 25 candidatos por vaga. Detalhe: é gratuito.
Durante três anos, os estudantes têm carga horária dobrada em relação às outras escolas, segundo o diretor do instituto, Luiz Sérgio Cardoso de Oliveira -a jornada é de dez horas por dia.
Alimentação, uniformes, transporte e material didático também são custeados pelo instituto.

ALBERT SABIN: ALUNO DISPÕE DE 18 MODALIDADES EXTRACURRICULARES
Para Giselle Magnossão, diretora pedagógica do Albert Sabin (zona oeste de São Paulo), 9ª no ranking, a excelência acadêmica é a garantia do resultado positivo da escola. Investimos muito no projeto pedagógico.
São 35 horas de aula por semana, além de cursos optativos de aprofundamento nas matérias na parte da tarde. Os alunos do terceiro ano do ensino médio podem assistir a aulas todas as manhãs e tardes.
Existem 18 modalidades extracurriculares de artes e esportes. Dos 24 professores, 12 são mestres e dois, doutores. A maioria está há mais de dez anos.

ETESP: TÉCNICA ATRIBUI SUCESSO E PROCURA A PROFESSORES
A média de 12 a 15 alunos concorrendo a cada uma das 200 vagas do primeiro ano do ensino médio é um dos indicativos do sucesso da Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo), ligada ao Centro Paula Souza. A escola ocupa o décimo lugar entre as escolas da capital. O diretor, Carlos Augusto de Maio, atribui a procura à qualidade dos professores. Eles são concursados especificamente para a Etesp. Além da prova, passam por aula-teste. Os docentes costumam também definir atividades extracurriculares que incluem quase sempre uma excursão -a de 2007 foi a Ouro Preto (MG).

Pior particular supera 75% das estaduais

Na cidade de SP, de 572 escolas estaduais, apenas 157 ficaram acima da média de 50,8, obtida pelo Colégio Integral Inaci

A melhor escola estadual foi a Rui Bloem, no bairro da Saúde, que obteve média 59,3 e ficou em 335º no ranking geral da cidade

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) divulgados ontem expuseram o abismo que separa a qualidade do ensino médio privado do público na capital paulista: quase 75% das escolas estaduais tiveram média inferior à do pior colégio particular da cidade.
Isso significa que das 572 escolas mantidas pelo governo estadual paulista com nota considerada na prova, apenas 157 ficaram acima da média 50,8, obtida pelo Colégio Integral Inaci, localizado no Jardim Paulista (zona oeste de SP). A escala vai de 0 a 100. Poderia ter sido melhor.
Acho que os alunos não renderam tudo o que sabiam, avalia a diretora da escola, Tatiana Faro, 37, que não faz críticas aos critérios da avaliação.
Ela conta que, para melhorar na próxima edição, o colégio começou a usar, neste ano, as provas anteriores do Enem nas tarefas e exames.
Excetuando-se o Colégio de Aplicação da USP, que possui regras diferentes do restante do sistema, a melhor escola estadual foi a Rui Bloem, que obteve média 59,3 e ficou em 335º no ranking geral da cidade. A melhor escola da cidade, o Vértice, teve nota 81,7.
O quadro da escola pública está assustador, afirmou o pesquisador da Fundação Carlos Chagas, Celso Ferretti.
Para Ferretti, os principais problemas da rede são as condições de trabalho dos professores, como longas jornadas devido aos baixos salários e a alta rotatividade dos docentes entre as escolas. Análise semelhante tem a Apeoesp (sindicato dos professores).
A Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB) afirma que espera melhorar a qualidade do ensino com ações inovadoras implantadas a partir deste ano.
Um dos principais reflexos do quadro assustador no sistema estadual é a chance de um aluno da escola pública entrar num vestibular concorrido.
No último exame da Fuvest (que seleciona alunos para a USP), por exemplo, apenas 19% dos aprovados estudaram integralmente na rede estadual.
O percentual de aprovação é ainda menor nos cursos mais concorridos. Em medicina, foi de 3,7%. Os percentuais são reduzidos mesmo com a adoção na universidade de um bônus de 3% na nota do vestibular para os alunos da escola pública.
O ensino técnico foi uma exceção na rede pública na cidade. Entre as dez primeiras no ranking geral, entraram na lista o Cefet-SP (único centro federal mantido pela União na cidade) e a Escola Técnica de São Paulo (do governo do Estado).
Das 11 escolas técnicas estaduais que obtiveram nota no exame, seis ficaram entre as 50 melhores no ranking geral da capital paulista.

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Colaborou MARIANA BARROS

Outro lado

Estado critica ranking com base no Enem

DA REDAÇÃO

A Secretaria de Estado da Educação esclarece que a rede estadual melhorou significativamente em 2007 no resultado do Enem, com 14,97 pontos a mais que em 2006. É um crescimento importante, que a Secretaria espera ampliar com ações inovadoras implantadas a partir deste ano.
A média dos alunos da rede estadual paulista é superior à média das redes estaduais brasileiras. A rede estadual paulista tem média de 47,864, enquanto as redes estaduais brasileiras têm média de 47,658.
A Secretaria discorda da elaboração de um ranking de escolas com base no Enem. Diferentemente de outras avaliações, como o Saeb e o Saresp, o Enem é voltado exclusivamente para o estudante, totalmente individual, e não deve ser considerado para avaliar a totalidade de uma escola.
Com participação voluntária, o Enem avalia o conhecimento geral do aluno, não o que ele aprendeu na escola. Saeb e Saresp, por exemplo, avaliam o aprendido dentro de sala de aula, o que não acontece com o Enem, que aborda o conhecimento global do estudante.
A Secretaria iniciou neste ano um trabalho voltado ao Ensino Médio e pretende acelerar o ganho já obtido em 2007. São Paulo teve, por exemplo, uma recuperação focada em matemática e língua portuguesa nos 42 dias iniciais de aulas. Os professores agora têm orientações curriculares definidas, o que não acontecia no ano passado. O currículo foi diversificado e no 3º ano do Ensino Médio haverá uma recuperação de aprendizado específica, retomando conteúdos do 1º e 2º anos. Também haverá curso técnico, em parceria com o Centro Paula Souza, reconhecido em todo o Brasil por sua qualidade.
Cabe dizer que 86,4% dos habitantes de São Paulo na faixa etária entre 15 e 17 anos estão na escola. É o maior índice do Brasil, uma vitória da sociedade. Além disso, 69% deles freqüentam os anos do Ensino Médio, contra uma média nacional de 47%. Com tal número de alunos nas escolas, o desafio da qualidade precisa de esforço ainda maior para ser alcançado, se comparado a outras redes que têm percentual menor de alunos em escolas.
Sobre a diferença entre o ensino público e o privado no Estado, deve-se salientar que a rede privada paulista alcançou o melhor desempenho do Brasil, resultado extremamente positivo. O ensino público e o ensino privado cresceram praticamente no mesmo ritmo, entre 2006 e 2007- 17,63 pontos na rede privada e 14,97 na rede pública.

Melhor colégio estadual é rígido com a falta de professores

DA REPORTAGEM LOCAL

Na Escola Estadual Rui Bloem, considerada pelo segundo ano consecutivo a melhor escola estadual da cidade de São Paulo (335º lugar), o foco não está só na freqüência e nos desempenhos dos alunos: os professores também são acompanhados de perto.
Semanalmente, todos passam por reuniões com os coordenadores pedagógicos. Nesses encontros, os profissionais trocam experiências, analisam o material proveniente da Secretaria da Educação e avaliam o plano de aulas.
Além disso, a direção diz ser rigorosa com quem falta: só tem direito ao abono (que permite faltar sem desconto salarial) quem avisar com antecedência que não poderá dar a aula, providenciar um professor substituto e deixar preparada uma atividade para os alunos.
O principal problema das escolas públicas é a falta de professores. Aqui, nós não temos muito esse problema; mesmo assim, alguns casos ocorrem. É preciso ter mais rigor nesse aspecto, afirma José Carlos Marquezim, vice-diretor da instituição, localizada na Saúde, zona sul da capital.
Ele também ressalta que, dos 75 professores da escola, a maioria (55) é formada por funcionários efetivos. Isso diminui a rotatividade. Geralmente, o professor contratado temporariamente passa um ano na escola e não aparece mais. O nosso grupo é muito coeso, diz.
A Rui Bloem tem 2.000 alunos, distribuídos em turmas com 43 pessoas cada uma, em média. Como atividades extras, os estudantes têm à disposição aulas de esportes como vôlei e cursos de idiomas -há um centro de idiomas anexo à escola, com aulas de espanhol, francês, alemão e japonês. A partir de agosto, o centro terá inglês.
O centro atende toda a rede estadual da região, mas a maioria dos alunos, segundo Marquezim, é da Rui Bloem.
Em agosto do ano passado, a escola também firmou uma parceria com a FEI (Fundação Educacional Inaciana), que inclui, entre outras ações, uma exposição e a elaboração de projetos relacionados a eletricidade, mecânica e química. Tínhamos alunos que nem cogitavam fazer engenharia e três deles entraram na FEI sem cursinho, diz. (AMARÍLIS LAGE)

Alunos ajudam os colegas na melhor escola pública do interior

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Ricardo NogueiraFolha Imagem

No Cotuca (Colégio Técnico de Campinas), melhor escola pública do interior de São Paulo, segundo o Enem, 33 alunos são responsáveis por ajudar os colegas em plantões dados em laboratórios ou salas temáticas.
Um desses monitores, Felipe Yasumura, 16, é aluno do terceiro ano do ensino médio e duas vezes ganhador da Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática), disputada entre escolas públicas do país. Ele ganha cerca de um salário mínimo para tirar dúvidas de outros alunos durante três horas. Atende 40 estudantes por semana.
Yasumura não decidiu qual curso vai prestar no final do ano, no vestibular. Mas sabe que, provavelmente, seguirá o mesmo caminho de seu irmão, Fábio, ex-aluno do Cotuca e hoje aluno de engenharia da USP.
Grande parte dos alunos vai para faculdades públicas. A Unicamp [Universidade Estadual de Campinas] é um caminho natural, mesmo que o vestibular não seja o foco dos nossos cursos, diz o diretor do Cotuca, Celso Akira Nishibe.
Na escola, uma das 23 unidades da Unicamp, não há curso preparatório para o vestibular e cada professor implementa a sua metodologia de ensino. Cerca de 20% dos docentes têm mestrado e 10%, doutorado.
Os estudantes do ensino médio são também matriculados em um dos 11 cursos técnicos oferecidos pela escola (há outros três de especialização).
As aulas começam às 7h30 e seguem até as 18h15. Para as turmas da noite, vão das 19h às 23h, com aulas também no sábado de manhã. São cerca de 1,9 mil alunos na escola.
Entre as atividades extracurriculares estão festivais de música, saraus e concursos de literatura. Aulas de reforço são oferecidas pelos professores à tarde, para alunos em dependência. Os alunos podem se matricular em cursos de expressão corporal e ou de violão.
Para se matricular, cerca de 6.000 estudantes disputam uma das 780 vagas disponíveis na escola todo ano, em uma prova de seleção.
Fundada em 1967, a escola tem um clima de faculdade. Nos corredores, há mesas de estudos espalhadas e armários guarda-volumes. Os alunos não precisam usar uniforme.

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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