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Carlos Eduardo Uchôa

15 h · 

Bom dia , delicadeza
Fala-se muito da vida atual, dos seus novos usos e costumes. Tempo da tecnologia, cujo avanço é vertiginoso, tempo do açodamento para tudo, tempo da competividade acirrada, tempo do eu ...
Para os que vêm de longe, que já passaram por épocas tão distintas, estes tempos modernos ( pós-modernos ) causam perplexidades frequentes, estranhezas de toda sorte .Tudo parece diferente .Tudo. A família. Os relacionamentos. O dia a dia corrido, com múltiplas funções, quase sem tempo para respirar, para refletir então... Sem momentos para o ócio e para as conversas. Tempo dos ansiolíticos e dos antidepressivos, de receitas controladas. Se não, arrebenta coração. Dos mais idosos, mas também dos mais jovens. Parecemos quase todos movidos por uma bateria que se desgasta célere.
Já com bateria a ameaçar toda hora, me esforço quanto posso para estar sempre a recarregá-la. Me entrego disciplinadamente à atividade física. Músculos, articulações, ossos, tendões, carecem de lubrificação. Com o tempo... Chegam a um ponto... Continuar a se movimentar, pois, para não ir perdendo a utopia da vida. Viver é que é preciso. Tenho, felizmente, me surpreendido muitas vezes, neste meu andar atualmente por aí, no turbilhão de uma cidade agitada, dominada por caminhantes apressados. 
Surpresas agradáveis sim me aguardavam. De início, confesso, foram momentos vividos um tanto estranhamente. A gente, quase toda gente, sobressaltada. Assustada, temerosa com a violência disseminada pela cidade. A idade avança, a segurança se enfraquece. Receio maior de quase tudo. Do outro. De qualquer outro. De um adolescente, de um homem vestido de terno e gravata, de uma jovem cheia de encantos, nem sempre tão jovem assim, de um caminhante solitário, de grupinhos coesos, de que se desconfia... A violência a tomar conta de cada quarteirão quase, de locais até bem familiares.
Pernas e braços exercitados, mas já, longe disto, sem o mesmo vigor e respostas. Os movimentos menos prontos, a agilidade restrita, passos mais curtos, a própria fisionomia sem maior vivacidade. Expectativa de, mais frágil, estar mais propenso à sanha dos desumanos de toda sorte. Por isso , de repente alguém se abaixar de pronto para pegar um objeto que fugiu de minhas mãos, que espanto! Que sentimento de delicadeza me invade. Com o passar do tempo, não é que vou me achando mais protegido na minha vida rueira, nas incursões que por ela mantenho? 
Passo a me surpreender com frequência. Muitas atitudes e avisos gentis: amarrar um cadarço, apontar para a carteira em posição de risco, oferecer a mão dadivosa para atravessar uma rua, alertar para a bicicleta que se aproxima, lembrar o lugar preferencial em filas, ceder a vez na entrada e saída de elevadores... De início, a constatação inevitável: fiquei mesmo velho; tenho de encarar a realidade. Todo mundo está vendo. Cada boa ação praticada era sentida como a confirmação do meu visível envelhecimento.
Passado certo tempo, uma sensação prazerosa vai tomando conta de mim: estão celebrando os meus numerosos aniversários. A vida não está tão difícil assim, há muita gente boa ainda, atenta ao próximo. Passo a desfrutar então de um impensável bem-viver: mais segurança, otimismo quanto ao próximo, menor preocupação com os desníveis das calçadas e... do dia a dia da vida neste meu tempo de madureza.
Poxa, como é bom, como fico de bem com a vida, quando um atencioso taxista, ao sair eu do seu carro, me deseja paz, um vai com Deus, saúde, ” se cuida, meu senhor” , nesta época de tantas asperezas e de tantas impaciências .Um simpático e bem acolhido bom-dia trocado com um vizinho já nos embala com otimismo para o corre-corre da nossa jornada. A vida poderia ser bem melhor, mas eu existo, eu existo. Longevo sim. E a delicadeza ainda se mantém presente sim. Sinto , agora mais do que nunca, que ela dá um sentido à vida. Por ela e com ela se con-vive bem melhor. Ainda mais no outono da vida, a delicadeza é preciso . Bom-dia, delicadeza

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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