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Segue artigo de fevereiro.
 

Sobre povos predestinados e fábricas equivocadas

Por Jaime Pinsky, historiador e editor, doutor e livre docente da USP, professor titular da Unicamp.

Difícil encontrar um povo que não se considere especial. Um se acha o mais bonito, outro o mais simpático, ou o mais trabalhador, o mais esperto, o mais genial… Além disso, muitos se consideram eleitos para um destinoespecial. E acreditam ter sido selecionados para essa missão por ninguém menos do que um deus, ou um conjunto de deuses. Restaria fazer jus à confiança divina… A ferro e fogo se for necessário. Portadores da Verdade (é isso, com maiúscula mesmo) os componentes desses grupos têm por objetivo na vida cumprir a missão atribuída pela divindade. Alguns estão determinados a mostrar ao mundo o caminho da retidão e da justiça. Outros acreditam ser racialmente superiores e estabelecem como objetivo submeter os demais povos, supostamente inferiores. Outros ainda se acham portadores de uma cultura superior, que devem impingir aos bárbaros de todas as épocas e latitudes. Mas todos têm em comum o fato de se sentir superiores e de ter uma missão. E é aí que reside o perigo.

Ter a verdade revelada por uma divindade implica em ter uma verdade absoluta, indiscutível. Mais ainda, significa sentir-se na obrigação de impingi-la aos outros. O passo seguinte dos fundamentalistas de todos os quadrantes é saírem a campo para amealhar mais ovelhas para o rebanho; isto que os leva a despejar para quem quiser ouvir (e para quem não quiser) as suas revelações. São uns chatos, mas isto não é o mais grave. O pior é que, quando têm condições, acham razoável – e justificável – impor suas verdades reveladas a todos. E são intolerantes contra os que não as aceitam. Tortura e execuções foram utilizadas pelos cristãos, em nome da fé, na Idade Média e durante a Inquisição. Ainda hoje, esses métodos são utilizados em áreas onde prevalece o fundamentalismo islâmico. Mesmo não empalmando o poder, grupos ultra ortodoxos judaicos em Israel defendem uma política nacionalista e excludente, em nome de sua verdade. Mas quando o fundamentalismo se junta ao poder político temos uma receita perfeita para autoritarismo, intolerância e até racismo.

A História tem registrado, também, outra modalidade de aplicação da “verdade absoluta”, uma mistura de doutrina política e religião do poder. O stalinismo, na União Soviética, com um ditador que “nunca errava” e eliminava os adversários, e mesmo os adversários imaginários; o maoísmo, na China, com um líder que se auto considerava sobre-humano, são ótimos exemplos da manipulação política de “verdades” doutrinárias. Mas o caso mais exemplar é o do líder nazista Hitler, na Alemanha. Como um povo culto como o alemão pôde incorrer em um erro histórico de proporções tão grandes como o de aceitar teorias racistas pregadas por ele e seu partido?  Acredita-se que tenham sido três os fatores principais: 1- a tradição local de governos autoritários; 2- a desastrosa situação econômica do país em função da derrota na Primeira Grande Guerra; e 3- uma convicção generalizada na superioridade do povo alemão. Gostaria de lembrar que a ideia da existência de uma suposta raça ariana, superior a todas as demais, com a função de conduzir o mundo e manter a sua pureza não surgiu com o nazismo, mas foi por ele incorporada e manipulada. Até a História foi manipulada com a invenção do arianismo no passado, implantando-se arianos na Índia, na Pérsia, por todo canto, desde que em papeis de liderança e, mais que isso, com funções de chefiar, dignas de uma raça superior, ao contrário de “raças” inferiores como a negra, os eslavos, latinos, ciganos, judeus, etc.

Passada a guerra, os alemães souberam fazer uma profunda autocrítica. Não apenas fizeram um acordo econômico com uma parte das famílias sobreviventes do holocausto (muitas foram completamente exterminadas, não havia como fazer acordo), como mandaram construir memoriais em várias cidades alemãs, e, ao contrário de austríacos e poloneses, assumiram explicitamente, por meio dos seus dirigentes, sua culpa, como Estado e como Nação.

Por tudo isso é que tem havido uma reação tão grande à notícia de que a Volkswagen (montadora de automóveis predileta de Hitler) havia feito experiências com macacos e seres humanos, submetidos a gás oriundo de canos de escapamento de automóveis. Segundo os jornais New York Times e Folha de S. Paulo, a Volkswagen, após fraudar o público e as autoridades a respeitos da poluição produzida por seus veículos resolveu fazer experiências com animais e gente, colocando sua vida em risco. E, mais grave, utilizando verdadeiras câmaras de gás, que remetem a período da História que todos querem apagar. Não tem como não lembrarmos que a Volks operava, no nazismo, com 90% de mão de obra escrava… Realmente, dá para entender os motivos que levaram Steffen Steibert, porta-voz do governo alemão, afirmar, irritado, que tais experiências são indesculpáveis.

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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