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Shakespeare, Balcony e Iguanas

 

Estou num resort em Guarajuba, próximo a  Salvador. É um lugar paradisíaco, praia, piscinas, parque com muitos pássaros, uma espécie de SPA às avessas, tudo isso e muita comida, buffet permanentemente montado. Mas não quero falar de comidas, quero falar de palavras. Palavras têm uma história objetiva, traçada pela Etimologia e uma história subjetiva  na vida da gente.Frequentemente associo  alguma palavra à primeira vez que a ouvi ou a vi em um texto.  Funciona tanto  para palavras em Português quanto  para aquelas em um lingua estrangeira., nesse caso ainda com mais  precisão  na  recuperação do contexto.

Mas voltando ao resort, estou  ocupando um chalé.  A parede externa oposta à entrada é uma porta corrediça de vidro,  que  abre para uma varanda, às margens de um riacho.  Na porta um aviso em inglês: “Leaving the room, please make sure the balcony door is closed". . Estranhei um pouco a tradução. O espaço me parece uma ‘veranda’e não um ‘balcony’, por ser térreo. Mas talvez ‘balcony’seja mesmo a palavra adequada. Estou sem acesso à internet e a dicionários. Tomei conhecimento com esta palavra,  lendo Romeu e Julieta de Shakespeare, quando ainda estava na faculdade de Letras.  Romeu declama juras de amor à Julieta que o espia, semioculta  no ‘balcony’.

Aqui nos trópicos, cercada de coqueiros, não tenho a companhia de nenhum Romeu, mas tenho uma companhia  até ontem desconhecida para mim. Ao abrir as cortinas da porta de vidro, eis que enxerguei, quase às margens do riacho, um lagartão, esticado ao sol. À primeira vista, tive dúvida se era de verdade ou  uma decoração porque estava imóvel e assim permaneceu um longo tempo.  Sua pele é manchada como a de uma cobra. Seu corpo, que parecia cascudo, media cerca de 70 cm, seguido de uma cauda ainda maior.  A camareira do hotel me disse que há muitos deles neste parque, mas que eu não os temesse porque eles são vegetarianos.  Disse-me que são “inguanas”. Já ouvi falar de iguanas na Flórida e não sabia que eram herbívoras.  Minha filha, que veio testemunhar a insólita visita no meu chalé, concordou que o bicho parece pré-histórico, ou talvez fosse o dragão de Komodo. Até postou uma foto no Facebook.
Hoje a iguana voltou, mas não voltou sozinha. Veio um casal. Ficaram um pouco no balcony e depois se esparramaram na grama, embaixo de um coqueiro. Talvez queiram um pouco de sombra, porque o sol está muito forte, até para iguanas.
Palavras têm história.Iguanas já não serão para mim apenas uma referência a um réptil  que tem o bom gosto (!?) e os recursos para viver na Flórida, assim como muitos milionários  sul-americanos, que lavam  na Flórida o dinheiro de origem suja.

Guarajuba, BA, 08 de Janeiro de 2012

 

 Do livro "Uma palavra depois da outra " . 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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