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O futuro da SOCIOLINGUÍSTICA

Por William Labov in Parábola Editorial

 

 

ENTREVISTA COM WILLIAM LABOV

 

ReVEL – O senhor teve uma enorme importância nos desenvolvimentos da Sociolinguística nos Estados Unidos. E pode ser considerado o fundador da Sociolinguística Variacionista. O senhor poderia nos contar um pouco sobre a sua história no campo da Sociolinguística?

Labov – Quando eu comecei na Linguística, eu tinha em mente uma nmudança para um campo mais científico, baseado na maneira como as pessoas usavam a linguagem na vida cotidiana. Quando eu comecei a entrevistar pessoas e gravar suas falas, descobri que a fala cotidiana envolvia muita variação linguística, algo com que a teoria padrão não estava preparada para lidar. As ferramentas para estudar a variação e a mudança sincrônica surgiram dessa situação. Mais tarde, o estudo da variação linguística forneceu respostas claras para muitos dos problemas que não eram resolvidos por uma visão discreta da estrutura linguística.

 

ReVEL – Qual é o objeto de estudo da Sociolinguística?

Labov – É a língua, o instrumento que as pessoas usam para se comunicar com os outros na vida cotidiana. Esse é o objeto que é o alvo do trabalho em variação linguística. Existem outros ramos da Sociolinguística que estão preocupados primordialmente com questões sociais: o planejamento linguístico, a escolha da ortografia oficial e outros que se preocupam com as consequências das ações de fala. Todas essas são importantes áreas de estudo, mas eu sempre tentei abordar as grandes questões da Linguística, como determinar a estrutura da linguagem – suas formas e organização subjacentes – e conhecer o mecanismo e as causas da mudança linguística. Os estudos da linguagem usada no dia a dia provaram ser bastante úteis para alcançar esses objetivos.

 

ReVEL – Em se tratando de variação fonológica, o senhor vê algum conflito ou complementaridade entre a Teoria da Variação e teorias de base gerativista, como, por exemplo, a Fonologia Lexical ou a Teoria da Otimidade (OT)?

Labov – Recentemente frequentei um workshop sobre variação linguística ministrado por fonólogos que estão interessados exatamente nesta questão. O trabalho que comecei em 1967 sobre a análise das restrições internas no apagamento do –t,d em inglês ainda é um tópico central para os fonólogos que estão tentando incorporar a variação linguística a seus modelos formais. A Gramática Harmônica, a OT Estocástica, a Stratal OT são as opções que estão sendo consideradas. O criador da Fonologia Lexical, Paul Kiparsky, desenvolveu aStratal OT como uma maneira de capturar os insights da Fonologia Lexical juntamente com a habilidade da Teoria da Otimidade em lidar com um ranqueamento variável de restrições. O tratamento de relações fundamentais descobertas no trabalho sociolinguístico é um problema central para esses desenvolvimentos formais.

 

ReVEL – Qual é o futuro da Sociolinguística? Qual é o futuro da Sociolinguística Variacionista?

Labov – A Linguística não é uma ciência previsível, e eu prefiro deixar o futuro acontecer em seu devido tempo. O que irá determinar o futuro serão os resultados dos estudos emvariação linguística, se eles provarem ser uma rota positiva e cumulativa para responder nossas questões fundamentais sobre a natureza da linguagem e das pessoas que a utilizam.

 

ReVEL – O senhor poderia sugerir algumas leituras essenciais na área da Sociolinguística?

Labov – Entre os estudos mais antigos importantes, eu acredito que os trabalhos de Peter Trudgill em Norwich, Walt Wolfram em Detroit e meus próprios estudos em Nova Iorque (que acabaram de aparecer em uma segunda edição, bem como no livro Padrões sociolinguísticos) deveriam ser conhecidos. Alguns dos trabalhos mais importantes emvariação linguística são feitos no Brasil, e as pesquisas de Anthony Naro, Marta Scherre, Sebastião Votre, Gregory Guy, Eugenia Duarte e Fernando Tarallo devem ser vistas. Muitos desses trabalhos têm relação com a pesquisa em variação em espanhol, nos estudos de Shana Poplack, Richard Cameron e Carmen Silva-Corvalán. Meu trabalho recente está reportado em dois volumes do Principles of Linguistic Change (1994, 2001). Por fim, qualquer um que deseja estar atualizado com pesquisas na área deve ler o periódico LanguageVariation and Change, onde são publicados os artigos mais importantes.

 

Originalmente publicado como LABOV, William. “Sociolinguística: uma entrevista com William Labov.. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL, vol. 5, n. 9, agosto de 2007. Tradução de Gabriel de Ávila Othero. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. Agradecemos ao professor Gabriel Ávila Othero a licença para a reprodução da entrevista.


 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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