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Hemingway foi à guerra, rodou o mundo, deixou uma importante obra

Fonte: Estadão.Cultura 3/07/2016

http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura

 

 

 

  

 

Há 51  anos, Ernest Hemingway pegou um fuzil de caça e disparou-o contra si mesmo. Tinha 61 anos, estava doente e deprimido. A morte violenta só fez aumentar-lhe a aura e a fama.

 

Um dos principais escritores norte-americanos do século, Ernest Miller Hemingway, nascido em Oak Park em 21 de julho de 1899, sempre tentou conciliar a vida de intelectual com o de homem de ação. Envolveu-se em guerras, caçou, pescou, adorava lutas de boxe e touradas, bebia como esponja e era mulherengo. Escrevia, sempre e muito.

 

A vida aventurosa tende a encobrir o magnífico escritor que foi e que continua a servir de inspiração ainda hoje. É possível que continue a ser referência nos anos por vir, dado o refinamento despojado que atingiu em sua prosa. Nenhuma palavra parece ser desnecessária, o fraseado segue sem penduricalhos, como se  buscasse a carne mesma da linguagem.

 

Mas, e esta parecia ser a sua convicção profunda, um escritor tem de viver, além de escrever. Se o ato da escrita é solitário, por definição, o homem não pode deixar de lado seu ser social, aquele que convive (e se atrita) com outros homens e mulheres. Gostava das situações terminais e, destas, a guerra lhe parecia o modelo sem par. Assim, ainda jovem, tentou alistar-se para a 1ª Guerra, na Europa. Recusado por problemas de visão, ainda assim conseguiu vaga como motorista de ambulância. Foi ferido por uma bomba e apaixonou-se pela enfermeira que o tratou na Itália, Agnes Korowsky. A experiência, tanto bélica como amorosa, rendeu Adeus às Armas, romance de 1929.

 

Leia também: A Primeira Guerra Mundial, os escritores que lutaram e como a experiência no front definiu suas obras

 

Nos anos 1920, instalou-se em Paris, e fez parte da famosa “geração perdida”, em companhia de Scott Fitzgerald, Gertrude Stein e outros norte-americanos desiludidos com a vida em seu país e auto-exilados na Europa. Paris é uma Festa (Paris is Moveable Feast) é seu relato desse tempo.

 

Outros países foram entrando na vida e no imaginário desse americano errante. Fascinado pela Espanha e pelas touradas, recriou essa paixão em O Sol Também se Levanta (1926). Mas a Espanha não se resumia a mulheres, vinho, touros, sol e estonteante beleza. Era também a luta do fascismo contra a democracia, descritos em Por Quem Dobram os Sinos, que foi levado às telas com Gary Cooper e Ingrid Bergman nos papéis principais.

 

Hemingway rodou mundo e, em seus percursos, tinha Cuba como ponto de referência constante, em especial depois de se dedicar à pesca do marlin. Ia à ilha a cada temporada de pesca e foi voltando com maior frequência, até se estabelecer lá durante vários anos. A história daquele que talvez seja seu relato mais enxuto e pungente, O Homem e o Mar, é uma trama cubana que dizem ter acontecido de verdade. A luta do pescador com o peixe, figurando a luta do homem contra seu destino. Ganhou o Prêmio Pulitzer de ficção, vendeu os direitos do livro para o cinema e, com o dinheiro, comprou uma residência próxima de Havana, a Finca Vigía, onde hoje existe o Museu Hemingway. Lá mantinha também seu iate Pilar, para viagens e pescarias. 

 

Sua história com Cuba é longa e bela. Em suas temporadas de pescarias ficava hospedado no hotel Ambos Mundos, na Habana Vieja, onde até hoje seu quarto, com máquina de escrever e tudo, é preservado. Frequentava os bares Floridita e Bodeguita del Medio, que se tornaram famosos por sua presença. Ele dizia, “No Floridita, meu daiquiri; na Bodeguita, meu mojito”. Bebia em doses industriais esses dois aperitivos, ambos à base de rum e deliciosos. Ligado às coisas do mar, gostava de conversar com os pescadores de Havana. Estes, quando Hemingway ganhou o Prêmio Nobel em 1954, reuniram seus arpões e peças de metal dos barcos para fundir uma estátua em honra ao escritor. Hemingway teve bom relacionamento com a Revolução Cubana e há várias fotos suas com Fidel Castro, na pesca ao marlin.

 

O fato é que tanto vigor mascarava uma vida interna bastante atormentada. A presença da morte sempre acompanhou sua literatura, desde os primórdios, dos contos de Em Nosso Tempo, com o jovem personagem Nick Adams, seu alterego juvenil. Há quem prefira o frescor dessa obra de moço aos romances da maturidade, como é o caso de Edmund Wilson no ensaio Hemingway: a medida do moral, escrito quando a obra ainda estava em curso.

 

De qualquer forma, Hemingway conseguiu essa depuração básica da linguagem, mais difícil de obter do que se supõe. Faz parte da família de escritores-escultores, para os quais escrever é cortar. Tem, como “parentes” brasileiros, Carlos Drummond de Andrade e Graciliano Ramos. Eles trabalham a matéria literária com seus cinzéis até despojá-las de tudo o que for desnecessário, sobrando apenas o essencial.

 

 

Hemingway tinha como norma: “Stick to the point and cut everthing else”. Atenha-se ao ponto e corte todo o resto. Acreditava na participação do leitor: a obra é como um iceberg, que mostra apenas a sua ponta, deixando todo o resto escondido sob a superfície. Cabe  à imaginação ativa do leitor intuir essa parte “oculta” porém implícita. O escritor Ford Madox Ford encontrou a definição precisa para a sua arte: “As palavras de Hemingway nos atingem, cada uma delas, como se fossem calhaus recém tirados de riacho. Vivem e reluzem, cada qual no seu lugar. Pelo que suas páginas dão o efeito de um fundo de riacho que enxergamos através da água a correr. As palavras formam um mosaico, cada uma alinhada ao lado da outra.”

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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