Quem são esses brasileiros analfabetos residentes no DF?
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RODRIGO FONSECA
26 Junho 2016 | 11:19
“A Queda” (1976)
Uma década atrás, uma editora fez um desafio a alguns críticos pedindo a alguns de nós uma lista de filmes definitivos para entender o Brasil. Não era necessário haver uma ordem de preferência. E a seleção não se referia a uma ideia de “os melhores isso, os melhores aquilo” e sim à necessidade de elencar filmes capazes de oferecer possíveis respostas para uma antropologia – e sociologia – da realidade brasileira no correr das eras. A lista deveria conter uma quantidade de títulos equivalente à idade de cada um de nós. Era 2005: da minha constavam 25 atrações. Mas o Tempo, essa máquina de fazer monstros, passou e a idade chegou, e, numa revisão crítica do material bruto, resolvi acrescentar mais alguns. Temos aqui, portanto, 36 filmes capazes de explicar um pouquinho de nós…
A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos
Terra em Transe, de Glauber Rocha
A Queda, de Nelson Xavier e Ruy Guerra
Bye, Bye Brasil, de Cacá Diegues
O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla
A Dama do Lotação, de Neville d’Almeida
Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho
O Mágico e o Delegado, de Fernando Coni Campos
Amei um Bicheiro, de Jorge Illeli
Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos
O Invasor, de Beto Brant
Que Horas Ela Volta, de Anna Muylaert
O Homem do Sputinik, de Carlos Manga
Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, de Hector Babenco
A$$untina das Amérikas, de Luiz Rosemberg Filho
Tropa de Elite, de José Padilha
Boi Neon, de Gabriel Mascaro
Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias
Tudo Bem, de Arnaldo Jabor
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, de José Mojica Marins
Ilha das Flores, de Jorge Furtado
Baixio das Bestas, de Cláudio Assis
Bar Esperança – O Último Que Fecha, de Hugo Carvana
Terra Estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas
Intervalo Clandestino, de Eryk Rocha
Os Saltimbancos Trapalhões, de J.B. Tanko
O País de São Saruê, de Vladimir Carvalho
As Aventuras de Pedro Malasartes, de Amacio Mazaroppi
A Casa Assassinada, de Paulo Cezar Saraceni
Cidade de Deus, de Fernando Meirelles
Nunca Fomos Tão Felizes, de Murilo Salles
Oh! Rebuceteio, de Cláudio Cunha
O Anjo Nasceu, de Julio Bressane
Casa9, de Luiz Carlos Lacerda
Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho
Woody & Stock – Sexo, Orégano & Rock’n’roll, de Otto Guerra
E, por fora, cada um de nós deveria apontar uma filmografia específica a ser estudada a fim de se compreender melhor a alma brasileira. Minha resposta na época é a mesma de hoje: a obra de Humberto Mauro (1897-1983), começando por Brasa Dormida (1928). Ele não entrou na lista porque merece um puxadinho só para si, por ser o pai de nossa brasilidade fílmica. E acrescentaria mais dois nomes que merecem um estudo à parte: Arthur Omar, pelo diálogo com a videoarte e a as artes plásticas, e Carlos Reichenbach (1945-2012), pela reflexão livre sobre as diferentes formas de opressão. De Omar, destacaria Triste Trópico (1974) e, de Carlão, meu eleito seria Anjos do Arrabalde (As Professoras), de 1986.
É apenas uma lista… Faltou muita coisa boa. Tem muito mais Glauber, muito mais Cacá, Coutinho… Mas pode servir como uma provocação para uma revisão de nossa identidade a partir das telas.
Tags: A Queda, Baixio das Bestas, Oh! rebuceteio, Que Horas Ela Volta?, recife Frio, Ruy Guerra, Terra em Transe
Fonte: cultura.estadão.com.br