A Brasília que não lê

Quem são esses brasileiros analfabetos residentes no DF?

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O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.

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MEMORIAL- Stephany Rocha

 

Em 1991 na Região Administrativa Ceilândia Norte, nasce mais uma criança negra de família simples e humilde, onde a educação sempre foi e até hoje é prioridade, filha de ex diarista e ex cobrador de ônibus sempre estudei em escolas públicas com exceção do jardim III,  mas todo o restante do meu ensino básico concluí na rede pública de ensino do Distrito Federal. 

Comecei a ser alfabetizada em uma escola particular perto de onde resido no ano de 1996, o nome da escolinha era Jardim Maternal Tia Laura. O sonho da minha mãe sempre foi oferecer – me uma educação de qualidade e de preferência em escolas particulares, e esse foi o único ano que foi possível realizar o sonho dela, pois como eu sou filha única minha mãe pagava sempre uma mulher para que cuidasse de mim e da casa, já que ela trabalhava fora todos os dias e não tinha tempo de levar- me ao colégio e cuidar do lar, e isso dificultou para que ela continuasse a pagar a escola particular para mim.

 A educação que eu tive nessa pré-escola particular foi muito boa, em minha sala havia poucos alunos e a professora, suponho, tinha mais facilidade de ensinar e identificar as dificuldades de cada um, então, aquilo acabava contribuindo para a minha educação de qualidade. Minhas experiências com a literatura nessa escola foram as melhores, a escola nos estimulava a ler, e esse trabalho era realizado juntamente com o processo de alfabetização. Havia vários concursos de leitura do qual sempre eram oferecidos prêmios, eu achava muito divertido participar dessas atividades, neste ano (1996) tive um grande avanço tanto na alfabetização como no letramento literário.

Após a minha formatura do Jardim III, voltei a estudar nas escolas públicas do Distrito Federal, e assim aconteceu até o término do ensino médio. No ano de (1998) ingressei na primeira série da Escola Classe 35 de Ceilândia, cheguei a cursá-la por um curto tempo, até que a professora surpreendeu-se com o meu avanço e decidiu que eu deveria fazer uma prova para ser promovida para a segunda série, fiz a prova, passei, e fiquei adiantada um ano. Até a minha terceira série eu adorava ler e o meu livro preferido que eu sempre pedia emprestado na biblioteca dessa escola, tinha o título de “A casa sonolenta” da autora Audrey Wood, eu era apaixonada por esse livro, e acredite, foi meu livro preferido até a quarta série, isso porque essa escola não oferecia a quinta série e então nunca mais o li nem o encontrei na biblioteca das outras escolas. O livro “a casa sonolenta”, me encantava pelas rimas que pareciam poemas com uma pitada de humor, e eu também achava muito divertido ficar olhando as figuras, afinal livro sem figuras para uma criança não tem a menor graça.

A quarta série chegou, e foi aí que meu mundo começou a desabar. Nossa! Que textos chatos, e o pior estava por vir, que era copiar os textos enormes do livro, (que utilidade tinha isso eu ainda não sei), era sufocante e a professora passava essa tarefa para a gente bem perto da hora de ir embora, ou seja, quem não terminasse de copiar o texto não ia sair dali tão cedo, meu dedo doía, minha cabeça doía, aquilo era uma maldade sem tamanho com nosco, e é um fato que jamais vou esquecer.

E foi durante a quarta série que minha mãe descobriu que eu escrevia da seguinte forma palavra “MUINTO” e começou a aplicar as práticas pedagógicas dela comigo, que era escrever a palavra “MUITO” cem vezes, e eu te digo que a experiência não foi a das melhores, porém nunca mais errei essa e outras palavras.  

Na quinta série já não existia recreio, era intervalo e se você falasse recreio era zombado pelos amigos. Todos falam que a quinta série é a mais difícil, e realmente é, a gente tinha inglês, a matéria de artes já não era bem a mesma coisa que entretinha os alunos, não existia mais aquela didática de antes e nem tantos trabalhos manuais. É! a coisa ficou séria para mim no ano de 2001 que era quando estudava no Centro de Ensino Educacional 10 de Ceilândia, escola na qual concluí apenas a quinta série do ensino fundamental e não me lembro de ter lido nenhum livro, porém das aulas maçantes de português lembro - me MUITO bem. E isso ocorreu até o segundo ano do ensino médio. Mas a partir dessa série fui apresentada a várias obras de literatura. Eu estava salva, iria ler “Iracema”, “Dom Casmurro”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “O cortiço”, “O tronco do ipê” dentre outras obras de que não me recordo no momento, eu e a grande maioria dos meus colegas de sala não gostávamos nem um pouco dessas grandes obras, e optamos por não ler, a não ser quando tínhamos que elaborar uma peça teatral ou quando tínhamos provas, nesses casos não tínhamos outra saída a não ser ler os resumos que estavam disponíveis na internet.

No começo do segundo ano do ensino médio quando fui apresentada a essas ilustres obras que apresentei no parágrafo a cima, fiquei até muito animada em ler, até fui à biblioteca de Ceilândia para pegar emprestado as obras que a professora de português nos sugeriu, ela falava que aquelas obras eram maravilhosas e nós não podíamos deixar de ler já que era um conteúdo cobrado pelo PAS (Programa de Avaliação Seriada) que na época eu ainda não sabia direito do que se tratava, mas decidi ler as obras assim mesmo, afinal deveriam ser bem interessantes já que nos foram apresentadas com muito entusiasmo, encontrei os livros na biblioteca pública e decidi trazer, e assim que cheguei em minha casa, Jesus! o que era aquilo! Não era um livro nenhum pouco interessante, eu não estava entendendo nadinha e era preciso ler um livro com o dicionário do lado, e se eu fosse fazer isso não iria sair das duas primeiras páginas nunca. Fiquei muito assustada com o que estava acontecendo e foi a partir  desse episódio que acabei odiando as obras literárias.

Até que um belo dia eu decidi aparecer na biblioteca para devolver os livros de que eu não gostei nadinha, e fui dar uma voltinha nas outras estantes para dar uma olhada nos outros livros, e foi daí então que encontrei um livro pelo qual me interessei bastante, o título do livro era Falcão Meninos do Tráfico, comecei a ler algumas partes e adorei esse livro por mostrar a realidade das comunidades carentes e eu habitava em uma, o livro relatava a história de cada menino que estava entregue no mundo da violência e das drogas eu achei esse livro maravilhoso li em dois dias, e foi a partir daí que comecei a frequentar com afinco a Biblioteca Pública de Ceilândia para pegar emprestado e ler livros do meu interesse, nessa época do segundo e o terceiro ano do ensino médio eu ficava a hora do intervalo sozinha lendo os meus livros, e já não queria mais saber de ficar batendo papo com os colegas, o meu negócio era terminar de ler e pronto.

Ao término do meu ensino médio no ano de (2007), continuei com a leitura dos livros com temas de que eu gostava, mas infelizmente na época, 2008 e 2009, época que resolvi prestar vestibular, tive que dar uma parada na leitura e focar mais nas matérias que iriam ser cobradas na prova do vestibular para o ingresso na Universidade de Brasília. Este período de vestibular sufocou-me, mas me mantive firme queria desde pequena ser professora e estava decidida a cursar Pedagogia, passei por dois processos seletivos do vestibular, a primeira prova prestei para o curso de Biologia por mera pressão dos meus colegas de cursinho que tinham um preconceito enorme com o curso de Pedagogia, e a segunda prova que eu iria prestar como vestibular escolhi o tão sonhado curso de Pedagogia, porém falei para todos que tinha escolhido o curso de Biologia, e foi nesse último vestibular (2º/ 2009) que fui aprovada para o curso que eu queria. Fiquei absurdamente feliz e meus colegas de ensino médio ficaram muito espantados com a minha aprovação repentina, já que eu era extremamente bagunceira em sala de aula e minhas notas sempre foram uma vergonha.

Mesmo quando iniciei minha carreira acadêmica na Universidade de Brasília não deixei de ler em hipótese alguma os livros do meu interesse e quando fui visitar a biblioteca da Universidade entrei em êxtase, nunca tinha visto uma biblioteca enorme e com tantos livros na minha vida, e desde meu primeiro semestre já me cadastrei na biblioteca e comecei a frequentá-la sempre que sobrava um tempinho, a leitura me acalmava e me fazia ler muito rápido e assimilar algumas coisas com a mesma rapidez, me fazia viajar e conhecer histórias e mundos que eu jamais sabia que existiam. Embora não tenha me proporcionado adquirir uma escrita excepcional, pois descobri pela minha experiência que nem sempre quem lê muito escreve de acordo com as normas padrão da Língua Portuguesa, e descobri isso assim que tomei conhecimento que eu tinha problemas com a vírgula e com as concordâncias e então descobri que o aprendizado das aulas de gramática também eram essenciais para se adquirir uma boa escrita e um melhor entendimento da nossa bela e complicada Língua Portuguesa.

No decorrer do meu curso deparei com matérias bem interessantes que acabaram por me envolver de uma forma fascinante. Eram elas: Aprendizado da Língua Materna e Literatura da Educação, a primeira me ensinou bastante a adquirir o uso de uma pedagogia sensível e levar em consideração o local que as pessoas habitam, o regionalismo, a cultura, a idade, o convívio social e principalmente ter respeito e erradicar o preconceito linguístico em sala de aula. A segunda me proporcionou ideias de oficina de textos literários com o principal objetivo de envolver os leitores e lhes oferecer uma leitura prazerosa a partir da interação com os outros colegas de classe.

A escolha do meu tema deu-se a partir do momento em que eu escolhi participar dos projetos que são oferecidos pela Faculdade de Educação para adquirir mais conhecimento ao longo do curso, então escolhi os projetos oferecidos pela professora Dra Stella Maris Bortoni Ricardo e fiquei maravilhada com o seu conhecimento e as pesquisas referente à sociolinguística, foi daí então que resolvi cursar todos os projetos na área de Letramento e a partir do meu estágio obrigatório decidi a escolha do meu tema de monografia, “Importância de Estratégias para a inserção da leitura e do Letramento literário em sala de aula”. 

Espero que com o término deste Trabalho Final de Conclusão de Curso eu possa contribuir com o meu conhecimento adquirido através de ricas experiências com professores, alunos, doutores, e até mesmo com a população em geral, pois considero o tema de suma importância para o beneficio e enriquecimento da comunidade social e acadêmica.   

 

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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