A Brasília que não lê

Quem são esses brasileiros analfabetos residentes no DF?

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O sistema miojo de ensino

L. Marshall

Professor Universitário

Doutor em Ciências da Comunicação PUC/RS

Pós-Doutor em Sociologia UnB/DF

Mestre em Teorias da Comunicação UMESP/SP

Especialista em Filosofia UnB/DF (em conclusão)

 

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Um aluno do ensino médio no Brasil incluiu recentemente em sua redação do Exame Nacional do Ensino Médio uma receita de macarrão instantâneo. Note-se que o tema da redação era Imigração no Brasil. Entretanto, cansado de “pensar” e de escrever sobre os retirantes, o candidato resolveu, no penúltimo parágrafo, introduzir, como plus, a fórmula científica da preparação de um macarrão.

O candidato alegou que inseriu o parágrafo sobre o miojo “para testar o novo sistema de avaliação do ENEM”. Parabéns. Ele conseguiu conquistar 560 dos mil pontos possíveis. E, surpreendentemente, o texto foi avaliado como “adequado” pelos avaliadores. Os analistas acharam que o texto tinha conteúdo e que não precisava ser submetido a um 3º avaliador.

Este caso lembra o episódio do padeiro paraibano Severino da Silva, de 27 anos, que, em 2001, passou no vestibular do Curso de Direito de uma universidade carioca. Apesar de não se sentir bem na hora da prova e nem ter escrito a redação, Severino foi selecionado. E de forma espetacular: ele ficou no 9º lugar geral, com 2.562 pontos.

Caso semelhante aconteceu na cidade de Ribeirão, em Pernambuco, em 2010, onde um candidato analfabeto foi aprovado em concurso público para a prefeitura. Ele ficou em 44º lugar entre 70 candidatos.

Não podemos esquecer que na última eleição o palhaço Tiririca, candidato a deputado federal, aprovado nas urnas, foi submetido pela Justiça Eleitoral a um teste para comprovar se ele sabia ler e escrever. Parece que ele passou, já que tomou posse. O fato é que três meses antes da prova ele sumiu do mundo para fazer não se sabe o que.

Aliás, na política, a inanição cultural e educacional é espantosa. Assim como o caso do deputado Tiririca, em todas as eleições os candidatos têm que provar o mínimo de conhecimento letrado. Veja-se, por exemplo, que na cidade de Aracati, no Ceará, em 2004, os 18 candidatos foram obrigados a ler um trecho do livro infantil “O menino mágico”, de Rachel de Queiróz. Três não conseguiram fazer a prova.

Coisa pior aconteceu em São Gabriel do Oeste (MS). Vinte e dois candidatos tinham que fazer uma prova. Tinham uma hora para escrever 20 palavras, fazer as 4 operações matemáticas básicas e explicar qual a sua interpretação de um texto. Apenas 11 (metade) foi aprovada. Alguns tiraram nota zero: não conseguiram sequer somar, diminuir, dividir e multiplicar.

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2013 e a Prova Brasil de 2011 revelaram nos últimos meses que apenas 10,3% de seus estudantes do ensino médio domina os conhecimentos de matemática (adequado à sua série). Os outros 90% estão “boiando”. E pior: regredimos. Em 2009, o percentual de analfabetos em matemática (em sua série) era de 11%.

Os resultados em língua portuguesa foram menos (!) dramáticos. Dos 100%, um total de 29,3% dos alunos sabe o conhecimento adequado para a série em que está. Os outros “70%” também estão “boiando”. O levantamento anterior indicava o mesmo percentual.

Para finalizar, é sempre pertinente lembrar que o Brasil ainda tem 16 milhões de analfabetos. São pessoas que estão totalmente à margem da sociedade civil, do direito, da justiça, da saúde, da educação e de tudo o mais. Estão à margem da sociedade, vivendo, mais ou menos, no século 1.000 a.C.

Não bastasse isso, é importante acrescentar que, além dos analfabetos totais, o Brasil possui um total de 30 milhões de analfabetos funcionais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os analfabetos funcionais são todas aquelas pessoas que têm 15 anos ou mais de idade e que não possuem sequer quatro anos completos de estudo. Tem , portanto, uma enorme dificuldade para ler e escrever, mas, sobretudo, uma grave incapacidade para compreender o sentido de um texto ou de uma fala.

Esse é, enfim, o retrato do Brasil, em pleno início do século XX, nação que possui mais televisões do que geladeiras, ostenta o índice de dois celulares por pessoa, está completamente imersa na mania do facebook, lê quase quatro livros por ano, idolatra os músicos do lek lek lek e considera os personagens do BBB como verdadeiros intelectuais.

Concluindo: lembro o despacho da desembargadora Sirley Biondi, da 4 ª Região do TRT, de 17 de janeiro de 2007. Diante de tantas aleivosias na petição, a juíza não resistiu e teceu o seguinte comentário na sua sentença:

“Insta ser salientado que os advogados que assinaram as contra-razões necessitam com urgência adquirir livros de português de modo a evitar as expressões que podem ser consideradas como injuriosas ao vernáculo, tais como “em fasse” (no lugar de “em face”), “não aciste razão” (assiste), “cliteriosamente” (criteriosamente), “doutros julgadores” (doutos), “estranhesa” (estranheza), “discusão” (discussão), “inedoneos” (inidôneos)… Acrescenta-se, ainda, que devem os causídicos adquirir também livros de direito, à medida que nas contra-razões constam “pedidos” como se apelação fosse, o que não tem o menor cabimento.” JDS. DES. SIRLEY ABREU BIONDI (RELATORA).

Receita de miojo

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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