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SEM HABILIDADE COM NÚMEROS
Junia Oliveira, O Estado de Minas, 08/06/2010
Crianças e jovens com notas baixas em matemática e dificuldades
persistentes, não se limitando a perder média em algumas provas, merecem
atenção dos pais e alerta na escola. O problema pode não ser apenas o
desafio em assimilar a matéria. Eles podem sofrer de discalculia, um
transtorno crônico na aprendizagem da disciplina, que não pode ser
atribuído à falta de interesse do aluno, a uma educação deficiente nem
à escassez de estímulos. A doença ainda não foi completamente
desvendada pelos cientistas, mas a estimativa é de que, por causa dela, 6%
da população não tenha habilidade com os números.
Em Minas Gerais, um grupo de pesquisadores está colhendo mais
informações e traçando um perfil de crianças e adolescentes portadoras
da síndrome. O trabalho, iniciado em 2008, está sendo feito por
profissionais do Laboratório de Neuro-psicologia do Desenvolvimento da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), em parceria com o
Laboratório de Genética Humana/Médica do Instituto de Ciências
Biológicas (ICB), com colaboração do Serviço Especial de Genética do
Hospital das Clínicas, todos da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), e do Centro de Tratamento e Reabilitação de Fissuras
Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais (Centrare), da PUC Minas. No
estudo, crianças de 7 a 14 anos de escolas públicas e particulares de
Belo Horizonte e Mariana, na Região Central de Minas, são submetidas ao
teste de desempenho escolar. Aquelas que obtêm resultado abaixo de 25% no
subteste de matemática são convidadas para uma segunda etapa de
avaliação, em que passam por entrevista clínica, testes psicológicos e
de inteligência. Elas também têm o sangue coletado.
Até agora, 1,4 mil voluntários já passaram pela triagem. Desses, mais de
200 foram examinados na segunda fase. Segundo o coordenador do Laboratório
de Neuropsicologia, o médico Vitor Haase, a meta é que 500 crianças
sejam submetidas aos testes psicológicos. Haase afirma que, além de
médias insuficientes, uma defasagem de pelo menos dois anos no nível de
desempenho em relação à série no qual o estudante se encontra é um
forte indício do problema. “Nunca podemos falar em discalculia na 1ª ou
2ª série. é preciso fazer uma avaliação clínica e
neuropsicológica”, diz. Também acende alerta a dificuldade para decorar
a tabuada ou no conceito de números, como a noção de grandezas e
quantidades. O coordenador ressalta que a causa não pode ser primariamente
emocional, portanto, casos de dificuldade na aprendizagem que são
consequência de ambiente familiar desajustado ou de conflitos, por
exemplo, são descartados.
O diagnóstico também não é usado em pacientes com retardo mental.
Segundo o médico, uma situação recorrente nos pacientes é a síndrome
do transtorno não verbal de aprendizagem. Estão nesse perfil crianças
que têm uma inteligência normal, geralmente não muito alta, e que, no
início da vida, têm um atraso de desenvolvimento: demoram a firmar a
cabeça, a se sentar, a caminhar e a falar, o que é superado
posteriormente. “Muitas vezes, a família pensa que o menino tem
deficiência mental, mas não é o caso”, diz. Na idade pré-escolar,
falam bem e começam a apresentar um comportamento de agitação.
Normalmente, são diagnosticados como hiperativos, o que persiste até a
idade escolar. Na fase de alfabetização, podem ter um pouco de
dificuldade também. Haase relata que é na fase inicial do currículo
escolar que os problemas se agravam, principalmente na matemática, devido
a outros comportamentos que se tornam mais evidentes.
As crianças têm bom vocabulário, não trocam os sons quando falam, mas
têm dificuldade com interpretação de textos, com desenhos, coordenação
motora e espacial e, principalmente, um perfil bastante característico na
interação social. “São amistosas, mas um pouco ingênuas, pouco
perspicazes e com problemas para entender o que é adequado ou não numa
determinada situação. Não têm noção da maldade das pessoas também.
São indivíduos pouco intuitivos e aprendem pouco pela experiência. Esses
meninos não se entrosam muito em grupos e são mais tímidos. Esses são
aqueles com as formas mais puras e mais graves da discalculia”, relata. O
transtorno não verbal ocorre em 1% da população em idade escolar e, dos
que se consultam na UFMG, 10% são portadores.
GENÉTICA Uma terceira etapa da pesquisa será feita pela equipe do
laboratório de genética humana do ICB, que examinará parte do genoma dos
voluntários. Na conclusão dos trabalhos, os dois resultados serão
comparados. Os pesquisadores já sabem que as causas da discalculia são de
ordem genética, mas ainda é preciso identificar as áreas do genoma
associadas ao transtorno. A universidade disponibiliza o diagnóstico para
pessoas com dificuldade em matemática no serviço de psicologia aplicada.
Os interessados devem entrar numa lista de espera. O telefone para
marcação de consulta é o (31) 3409-5070 ou 6295.
Fonte :
http://wwo.uai.com.br/EM/html/sessao_18/2010/06/08/interna_noticia,id_sessao=18&id_noticia=141062/interna_noticia.shtml
Consta em
http://www.exkola.com.br/scripts/noticia.php?id=34579041
http://blog.opovo.com.br/educacao/sem-habilidade-com-numeros/
http://isaude.net/z9h8, europsicologia e genética decrifram causas e
consequências da discalculia, Saúde Pública


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SIMILAR EM PORTUGAL


5,4 % DAS CRIANÇAS PORTUGUESAS TÊM DISLEXIA
Estudo pioneiro foi realizado pela UTAD
2010-01-19
Por Carla Sofia Flores

Foram avaliadas 1460 crianças do segundo ao quarto ano
de escolaridade
O primeiro estudo sobre a prevalência da dislexia em crianças portuguesas
revelou que 5,4 por cento desta faixa etária apresentam este distúrbio
patológico de aprendizagem nas áreas da leitura, escrita ou soletração.

Este estudo pioneiro foi realizado pela Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro (UTAD), sob a coordenação científica de Ana Paula Vale e
será apresentado no próximo dia 21 de Janeiro, às 18h00, no auditório
do Instituto da Juventude de Vila Real.
Ana Paula Vale, investigadora do Departamento de Educação e Psicologia da
UTAD, explicou ao Ciência Hoje que “era necessário ter informação
sobre as crianças portuguesas com dislexia e agora podemos afirmar com um
grau de certeza confortável que 5,4 por cento é um número que
corresponde à realidade.” Trata-se de “uma percentagem equivalente a
outras já conhecidas de países com características semelhantes a
Portugal”, acrescentou a docente.

A investigadora destacou ainda a esperança de que este estudo traga
informação útil a vários níveis, referindo que “há questões que
devem ser respondidas nas escolas e não o são. Os professores devem ter
noção desta realidade e de que numa turma com 20 alunos, há
probabilidade de um deles ser disléxico, pelo que têm de saber lidar com
isso”.

Por se tratar de um estudo pioneiro em Portugal, foram adoptados critérios
muito específicos para classificar uma criança como tendo dislexia, de
forma a não incluir erroneamente neste grupo aquelas que não têm esta
patologia. “Em vez de usarmos apenas um ou dois critérios, utilizamos
três ou quatro mais restritos”, exemplificou Ana Paula Vale.

Amostra socialmente representativa poderia aumentar valores de dislexia

Neste âmbito, de Maio a Julho de 2008, foram avaliadas 1460 crianças do
segundo ao quarto ano de escolaridade, num conjunto de 81 turmas de 23
escolas localizadas nos concelhos de Vila Real e de Braga. Estas crianças
foram assim testadas, em salas sossegadas, com rastreios de leitura,
consciência fonológica e capacidades cognitivas gerais.

Os investigadores não recolheram informação suficiente para estabelecer
percentagens relativas a cada tipo de ambiente sociocultural, ainda que
saibam que foram abordados todos os estatutos sociais e que a maioria era
oriunda de meios com estatuto sociocultural intermédio.

Contudo, tendo em conta que os grupos sociais mais desfavorecidos
representam 49 por cento da população portuguesa e são associados a
prevalências mais elevadas de défices na aprendizagem da leitura, os
investigadores acreditam que numa amostra socialmente representativa as
taxas apresentadas sofreriam um aumento.

Esta investigação foi financiada pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia (FCT) e engloba-se num estudo mais amplo sobre dislexia
realizado por uma equipa de investigadores coordenada por Ana Paula Vale.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=38852&op=all

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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