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Todo diretor se lembra de seu primeiro dia na função. A estreia pode ter sido na escola onde já trabalhava como professor ou em outra totalmente estranha, mas o frio na barriga é o mesmo. Afinal, tudo é novidade: o papel de líder, a responsabilidade pela aprendizagem e pelo funcionamento da escola e o relacionamento com a comunidade.
Com tantas atribuições, é comum surgirem dúvidas sobre como agir na transição. De acordo com Agnelson Correali, consultor de recursos humanos, "a primeira coisa que um gestor deve fazer é apresentar-se a todos, caso ainda não os conheça, e comunicar que conversará individualmente com os membros da equipe. Assim, o grupo pode conhecê-lo melhor e você saber o que cada um espera de sua gestão".
Nessa conversa, é importante perguntar a funcionários, professores e demais gestores: quais são os desafios atuais? O que gostariam de modificar? Quais sugestões têm para melhorar o próprio trabalho e a escola como um todo? Que projetos tiveram bons resultados? Com isso, é possível ter um panorama sobre a percepção dos profissionais que ali trabalham e uma ideia de como estão as relações entre eles.
Paralelamente, é preciso conhecer a comunidade e as expectativas de pais e alunos. É importante informar às famílias sobre a mudança de direção e apresentar-se a elas, mandando uma carta ou chamando-as para uma primeira reunião até porque levar em conta o perfil da clientela e o que ela espera da escola é fundamental para rever (ou fazer pela primeira vez) o projeto político-pedagógico da escola.
Esse processo inicial leva tempo - às vezes, semanas, dependendo do tamanho da instituição. Somente ao final dele você estará apto a fazer um planejamento, apresentar propostas para a melhoria do ensino e colocá-las em discussão antes de concretizar um plano de trabalho. "Desse modo, as pessoas olharão para o conjunto de metas como um guia de objetivos compartilhados capazes de legitimar a direção diante do grupo e da comunidade", diz Correali.
Mesmo com esse diagnóstico, haverá desafios a superar. Um cenário comum é que professores e funcionários, por ansiedade ou insegurança, tentem resolver questões particulares logo de cara, dizendo "não quero mais o meu horário" ou "estou cansado de supervisionar o recreio", por exemplo. Diante disso, é bom ter em mente que problemas pessoais, salariais e de sobrecarga de trabalho que preocupam e desanimam sempre existirão. "Se há desestímulo, é importante ouvir, entender as razões e buscar soluções em grupo. Contudo, nenhum diretor pode deixar que o foco - que é a aprendizagem - se desvie. Os demais problemas receberão atenção, cada um a seu tempo", diz Angela Maria Oliveira Mello, coordenadora de cursos de formação para gestores e consultora da Fundação Lemann, em São Paulo. O mesmo vale para a burocracia e os problemas de infraestrutura, que não devem consumir a agenda do novo líder.
Um grande parceiro nessa etapa pode ser o ex-diretor, se ele topar compartilhar sua experiência e apontar os problemas mais urgentes. Porém não é raro que a equipe anterior esteja ausente ou fechada ao diálogo. Nesse caso, para não ficar perdido, é preciso pedir ajuda constante aos docentes e aos demais funcionários. A Secretaria de Educação também deve oferecer auxílio, mas até mesmo os gestores mais tarimbados dizem que esse apoio ainda é insuficiente. Essa foi uma das conclusões da
pesquisa Práticas de Seleção e Capacitação de Diretores Escolares, feita pela Fundação Victor Civita.
Na próxima página, leia um breve panorama sobre o trabalho do diretor escolar e veja um quadro com dicas para se sentir mais seguro nos primeiros dias. Você também pode ler os
depoimentos de gestores contando como estrearam na função. E seja bem-vindo à liderança!