Quem são esses brasileiros analfabetos residentes no DF?
O Projeto Leitura, tem como objetivo vencer um dos maiores desafios encontrados pelos professores e amantes da literatura: Criar o hábito da leitura.
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Escola será obrigada a manter aluno na falta de professor (novo)
A
Conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem
início hoje à noite com uma pauta de discussões que, pela primeira vez,
inclui a projeção do idioma português no mundo. Até quarta-feira da
próxima semana, representantes dos oito estados membros da CPLP se
reúnem em Brasília para tratar da promoção e divulgação da língua
falada por 230 milhões de pessoas. Como parte da programação paralela
aos debates e reuniões oficiais está uma intensa agenda de eventos
literários que traz à cidade escritores e tradutores encarregados de
refletir e discutir com o público os rumos da literatura produzida na
África, Portugal e Brasil.
Não
haverá José Saramago, Mia Couto ou Antonio Lobo Antunes, mas a pequena
festa literária brasiliense receberá no Centro Cultural Banco do Brasil
(CCBB) alguns dos melhores nomes da produção da comunidade africana de
língua portuguesa. “Decidimos fazer um evento literário para debater
diversas dimensões da língua portuguesa no mundo. Estamos organizando
seis mesas de debate com 31 nomes expressivos”, conta o diplomata e
escritor Felipe Fortuna, responsável pelo evento.
Além
da literatura, o cardápio de celebrações da língua portuguesa inclui
série de shows com artistas brasileiros e estrangeiros e uma mostra de
documentários. “O português é o terceiro idioma ocidental mais falado
no mundo e tem ganhado maior presença”, destaca Fortuna. “Estamos
querendo visões, interpretações e sugestões de como potencializar o
português para ter maior repercussão. Uma das ações diplomáticas é
transformar o português em uma língua de trabalho nas Nações Unidas.”
Marcadas
para o fim de semana, as mesas foram programadas de acordo com temas
chave no mundo da literatura de língua portuguesa. Os tradutores John
Kinsella, da Irlanda, David Treece, da Inglaterra, e Bryan McCann, dos Estados Unidos,
vêm falar sobre a tradução dos livros em português para outras línguas.
Um debate está dedicado às feiras e mercados e conta com a participação
de Lúcia Riff, mais importante agente literária do Brasil. O processo
criativo em língua portuguesa ficará por conta de uma mesa que inclui a
moçambicana Paulina Chiziane e o gaúcho Moacyr Scliar.
Para
refletir sobre a convivência do português com outros dialetos em países
africanos, e até mesmo no Brasil, o Itamaraty convidou o autor angolano
Ondjaki e o brasileiro Waldemar Ferreira Netto, pesquisador de línguas
indígenas. A produção literária na internet terá mesa especial,
assim como a ligação entre música e literatura, para a qual está
programada a participação do poeta e filósofo Antônio Cícero. “A
conferência será um importante marco de algo que considero um dos
fenômenos mais auspiciosos dos últimos tempos, que é — por meio da
celebração da beleza e da riqueza da língua portuguesa e da literatura
em português — a decisão cada vez mais forte de reafirmar, fortalecer e
renovar os laços culturais que unem o Brasil a todos os países
lusófonos”, avalia Cícero.
Moacyr
Scliar é menos otimista quando se trata de pensar a língua portuguesa
no cenário contemporâneo. “O português é falado por muitas pessoas, mas
não tem presença muito forte no mercado editorial. Escrever em
português é uma limitação, não é a mesma coisa que escrever em inglês
ou espanhol. Essa reunião de escritores de língua portuguesa pode ser
um passo importante no sentido de estabelecer o público leitor”, diz
Scliar, autor de O manual da paixão solitária, vencedor do Jabuti de
melhor ficção em 2009. “Isso tudo depende do poder que está por trás da
língua, atrás do inglês tem os Estados Unidos, atrás do espanhol tem
América Hispânica. Na verdade a disseminação do idioma é uma
demonstração de poder. E o português é muito falado, mas depende
basicamente do Brasil porque Portugal é um país pequeno e os países
africanos são muito pobres.”
Autor
de Em seu lugar, Felipe Fortuna acredita no potencial da língua
portuguesa, mas reconhece o isolamento sentido por Moacyr Scliar na
América Latina. “A língua ganhou visibilidade e existe sim uma
possibilidade de que venha a ter maior trânsito e seja mais divulgada
no exterior. Como escritor entendo o que Scliar diz porque se vê num
continente em que o Brasil é o único país que utiliza o português como
idioma. Se fosse argentino teria condições de ser lido em outras nações
e até na Espanha. Mas há um esforço sendo feito para que o português
seja uma língua de maior trânsito editorial.”
Bethânia no Itamaraty