No capítulo de ontem da novela “Velho Chico” o Coronel – personagem de Rodrigo Santoro _ fica sabendo que a filha está enamorada de um jovem de uma família que lhe é desafeta, justamente a família cujo chefe ele, o Coronel, mandou assassinar.
Ele então espanca a filha, a esbofeteia na face e lhe dá uma surra de correia, com seu cinto. O que o move a tanta violência ? O ciúme paterno, sem dúvida, mas principalmente o temor de ver seu poder desafiado. O que me deixa perplexa é que esse coronel, menos de duas décadas antes , é recebido na casa de um vizinho e aliado que lhe oferece pouso. Durante a noite, visita a filha dos anfitriões, que deixara a porta do quarto entreaberta e a seduz. O sogro e os cunhados o abrigam a casar, na ponta do facão quando descobrem que o hóspede ilustre havia desonrado a moça. Pois é esse homem, que se casou para salvar a vida e se livrar de ser castrado, que se julga no direito de castigar a filha porque ela se apaixonou e ele não aprova o namoro.
Entre muitos valores culturais que a novela põe em relevo está o machismo, enraizado na moral patriarcal e violenta contra as mulheres.