Olá!

 

O primeiro acordo ortográfico entre Brasil e Portugal data de 1931 e não resultou na unificação dos sistemas ortográficos. Em 1945 Lisboa fez mudanças na língua, não aceitas no Brasil.

O sistema ortográfico do Brasil de 1943 foi aprovado pela Academia Brasileira de Letras, na sessão de 12 de agosto, e simplificado pela Lei n. 5.765, de 18 de dezembro de 1971.

Até o final deste 2007, entrará em vigor uma nova ortografia, resultado do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entre os sete países que têm o português como língua oficial: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. 

As mudanças vão ocorrer porque três dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) decidiram ratificar a nova ortografia, do documento proposto em 1990. Portugal e Brasil já haviam assinado o acordo (em face de interesses econômicos) e esperavam a adesão dos países africanos. São Tomé e Príncipe assinaram por último. Mas muitos desses países africanos possuem outras línguas oficiais e não apenas o português.

Essa é uma atitude político-econômica, por mais incrível que pareça. Portugal tenta unificar o português.

Toda língua pátria é fator de prestígio e, há séculos, considerada importantíssima internacionalmente.

Assim que ministérios da educação, associações, academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos recebam as novas regras ortográficas terão de reimprimir livros, dicionários etc.

 

Calcula-se que 1,6% do vocabulário do português de Portugal seja modificado.


No português do Brasil, a mudança será menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Isso, porque somos cerca de 190 milhões de brasileiros e Portugal está pautando as mudanças de peso nos usos do Brasil.  Lá, a população é de apenas onze milhões de portugueses. O Brasil é a maior nação que tem o português como língua oficial.

 

 

Apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada nação. Isso, porque não há como mudar.

     

MUDANÇAS NO PORTUGUÊS DO BRASIL, EM FACE DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

 

Alfabeto passa a ter 26 letras. Incorporaram-se o k, o w e o y, que já eram usados no Brasil em nomes próprios e em casos como: Wagner > wagneriano; Kant > kantiano etc.

 

O acento grave, indicador do fenômeno da crase NÃO caiu!

 

Veja, agora, o seguinte exemplo, que anda rodando  pela Internet:

 

A frequência com que eles leem no voo é heroica!. 

 

O trema desaparece completamente. Agora, o correto é escrever linguiça, sequência, frequência e quinquênio.

O trema... morreu. Vamos ficar com saudade dele...?

 

As paroxítonas terminadas em o duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo (em Portugal chama-se acento esdrúxulo). Ao invés de abençôo, enjôo ou vôo, os brasileiros terão de escrever abençoo, enjoo e voo.

 

Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus decorrentes, ficando correta a grafia creem, deem, leem e veem.


Os ditongos ei, eu e oi, NÃO serão acentuados. Serão escritos assembleia, ideia, heroica, jiboia etc.

 

Não se usará mais o acento para diferenciar pára (verbo) de para (preposição).

 

SEGUEM AS REGRAS.


O Hífen

      O hífen em palavras compostas e em locuções

      Segundo o Novo Acordo, utiliza-se o hífen:

      a) para separar as palavras no final da linha.

      b) para separar elementos de palavras compostas por justaposição: beija-flor, porto-alegrense,       guarda-chuva. quinta-feira, guarda-noturno, tenente-coronel etc.  Em alguns compostos perdeu-se a noção de composição e, por isso, os dois elementos se aglutinaram: girassol, mandachuva, pontapé, paraqueda, clarabóia etc.

      Verifique que, mesmo não sendo separados por hífen, tais elementos mantêm uma identidade fonética, como se pode observar em girassol, que é grafado com ss, a fim de manter o som do s inicial (sol).

      c) nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grão ou grã, por formas verbais, ou que têm elementos ligados por artigo: Baía de Todos-os-Santos,  Passa-Quatro, Grã-Bretanha, Trás-os-Montes,

      Grão-Pará etc.

      Observação

      Nos demais topônimos não se emprega o hífen:

      América do Norte, África do Sul, Belo Horizonte...

      Exceção: Guiné-Bissau

      d) nos nomes de espécies botânicas e zoológicas ligados ou não por preposição ou qualquer outro elemento: andorinha-do-mar, couve-flor, erva-doce etc.

      e) nos compostos iniciados pelos advérbios bem e mal seguidos de palavras começadas por vogal ou h.

      bem-aventurado, mal-afortunado, bem-estar, mal-estar, bem-humorado, mal-humorado etc.

      Observação

      O advérbio bem pode ou não aglutinar-se com a palavra seguinte, ainda que iniciada por consoante:      bem-falante (mal-falante), benfeitor, benquerença, bem-nascido (malnascido) etc.

      f) nos compostos em que entram os elementos além, aquém, recém e sem: além-fronteiras, recém-nascido,  além-mar, sem-cerimônia,  aquém-mar, sem-vergonha etc.

      g) - para unir duas ou mais palavras contextualmente combinadas.

      Liberdade-Igualdade-Fraternidade, ponte Rio-Niterói

      - para unir combinações históricas ou ocasionais de topônimos.

      Áustria-Hungria, Tóquio-Rio de Janeiro

      Não se emprega o hífen nas locuções:

      a) substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;

      b) adjetivas: cor de vinho, cor de mel;

      c) pronominais: cada um, quem quer que seja;

      d) adverbiais: à vontade, à vista, às pressas;

      e) prepositivas: abaixo de, a fim de, apesar de;

      f) conjuntivas: a fim de que, ao passo que.

      Exceção:

      Os compostos já consagrados.

      Água-de-colônia, mais-que-perfeito, cor-de-rosa

      O hífen com prefixos

      Emprega-se o hífen nos compostos iniciados pelos prefixos gregos e latinos ante-, anti-, auto-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pan-, pós-, pré-, pró-, semi-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc:

      a) quando o segundo elemento começa por h.

      anti-higiênico pan-helenismo

      circum-hospitalar pré-história

      co-herdeiro semi-hospitalar

      Observação: Não se usa hífen nos compostos com os prefixos in- e des-. desumano, inábil

      b) quando o prefixo termina com a mesma vogal com que começa o segundo elemento.

      Anti-ibérico, auto-observação, contra-almirante

      Exceção: O prefixo co-, que se aglutina com outro elemento iniciado por o.

      cooperar, coordenar

      c) com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento co­meça por vogal, m, n (além do h referido anteriormente). Circum-escolar, circum-navegação, pan-africano

      d) com os prefixos hiper-, inter-, super-, quando o segundo elemento começa por r.

      Hiper-requintado, inter-resistente, super-revista

      e) com os prefixos ex-, sota-, soto-, vice-, vizo-.

      ex-aluno, ex-presidente, soto-mestre, sota-piloto, vice-presidente, vizo-rei

      f) com os prefixos tônicos acentuados graficamente pós-, pré-, pró-, quando o segundo elemento tem vida á parte.

      Pós-operatório, pré-escolar, pró-europeu

      Não se usa o hífen:

      a) quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s.

      antirreligioso, antissemita, contrarregra, cosseno

      b) quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente dela.

      antiaéreo, autoestrada, coeducação

      O hífen com sufixos

      Nos compostos por sufixação, só se emprega o hífen nas palavras com os sufixos de origem tupi-guarani -açu, -guaçu, -mirim se o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente e se a pronúncia exige a distinção dos dois elementos.

      amoré-guaçu, cajá-mirim, capim-açu

      O hífen na ênclise e na mesóclise

      Emprega-se o hífen para ligar os pronomes enclíticos ou mesoclíticos ao verbo.

      amá-lo, deixe-o, emprestá-lo-emos, enviar-lhe-ei, parti-la

1. O emprego do hífen nada mudou nas locuções, na ênclise e na mesóclise nem com relação aos sufixos de origem tupi-guarani. Quanto ao emprego do hífen com prefixos, conforme o prefixo, não se usa mais o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r, s ou vogal diferente.

      2. Não se usa mais o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r, s ou vogal diferente. Use assim agora: antirreligioso, antissemita, autoaprendizagem, contrarregra, contrassenha,  extrarregular, extraescolar etc.

     

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

      Com relação à acentuação gráfica das palavras, o Novo Acordo estabelece regras de acentuação com base na posição da sílaba tônica (oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, considerando oxítonos os monossílabos tônicos).

      O Novo Acordo reduz o número de palavras acentuadas.

      Acentuação das palavras proparoxítonas

      Todas as palavras proparoxítonas devem receber acento gráfico: agu­do na vogal aberta e circunflexo na vogal fechada. Também recebem acento as proparoxítonas eventuais, isto é, as paroxítonas terminadas em ditongo crescente.

      árabe fôssemos míope

      cânfora glória músico

      cáustico lírio pêssego

      exército mágoa série

      Não há mudanças na acentuação das palavras proparoxítonas, pois todas continuam sendo acentuadas graficamente.

Deve-se observar ainda que, dada a diferença de pronúncia entre o português falado no Brasil e o falado em Portugal, as proparoxítonas que no Brasil recebem acento circunflexo, por terem a vogal tônica fechada, em Portugal recebem acento agudo por terem a vogal tônica aberta. Observe:

      Brasil x Portugal

      cômodo x cómodo

      fenômeno x fenómeno

      tônico x tónico

      gênio x génio

      Acentuação das palavras paroxítonas

      Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:

      • -r: caráter, ímpar, mártir

      • -x: fênix, índex, ônix, tórax

      • -n: elétron, hífen, pólen, próton

      • -l: amável, difícil, fácil, lamentável

      • -ps: bíceps, fórceps

      • -ã, -ãs: ímã, ímãs, órfã, órfãs

      • -ão, -ãos: órgão, órgão, sótão, sótãos

      • -ei, -eis: amáveis, fáceis, jóquei, pônei

      • -i, -is: júri, júris, lápis, tênis

      • -om: rândom, rádom

      • -on, -mis: cátion, cátions, elétron, elétrons, mórmon, mórmons

      • -um, -uns: álbum, álbuns, médium, médiuns

      • -us: bônus, vírus

      As regras de acentuação das paroxítonas não sofreram alterações no Brasil.

      Acentuação das palavras oxítonas

      Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em:

      • -a, -as: alvará(s), cá, lá, maracujá(s), pá(s)

      • -e, -es: jacaré(s), lê(s), nenê(s), pé(s), vê(s)

      • -o, -os: avô(s), jiló(s), paletó(s), pó(s)

      • -em, -ens (quando não monossilábicos): armazém, armazéns, também

      Não há novidade na acentuação das oxítonas.

      Acentuação dos ditongos abertos ei, eu, oi

      Aqui, uma novidade: pelo Novo Acordo, esses ditongos só receberão acento gráfico nas palavras oxítonas. Assim, nas palavras paroxítonas, esses ditongos não deverão mais ser acentuados.

      Como é que se escreve agora?

assembleia; boleia; ideia; jiboia etc.

      Acentuação dos hiatos

   O hiato oo(s) das palavras paroxítonas NÃO recebe mais acento circunflexo: abençoo, enjoo , magoo, voo, voos, creem, deem, descreem, leem, preveem, eeleem, veem  etc.

 

      Em relação à acentuação das letras i e u tônicas, apenas uma modificação: quando precedidas de ditongo, NÃO RECEBEM MAIS ACENTO: baiuca, boiuno, cauila  etc.

Não se acentua mais a vogal u tônica dos encontros gue, gui, que, qui: apazigue, arguem, argui, averigue etc. 

Não se coloca acento diferencial nas palavras homógrafas heterofônicas: acordo (subst.), acordo (verbo); almoço (subst.), almoço (verbo); jogo (subst.), jogo (verbo).

      No entanto, o acordo registra algumas exceções. É obrigatório o acento diferencial em:

      • pôde (pretérito perfeito) para distinguir de pode (presente do indicativo);

      • pôr (verbo) para distinguir de por (preposição).

      É facultativo o acento diferencial em:

      • dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo) para distinguir de demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito);

      • fôrma (substantivo) para distinguir de forma (substantivo e verbo).

      Agora há apenas dois acentos diferenciais obrigatórios (pôde e pôr) e dois facultativos (fôrma e dêmos).

 

Emprego das Letras Maiúsculas

A única novidade do novo Acordo: é facultativa a grafia de nomes de vias e lugares públicos, bem como os nomes que designam domínios do saber — artes, ciências ou disciplinas — com inicial maiúscula ou minúscula: Geografia ou geografia; matemática ou Matemática etc.

     

Emprego do apóstrofo

      Segundo o texto do Novo Acordo, o apóstrofo usa-se para cindir uma contração ou aglutinação vocabular, quando uma fração pertence a um conjunto vocabular distinto: d’Os Lusíadas, n’Os Lusíadas, pel’Os Lusíadas, d’Os sertões, pel’Os sertões. Pode, no entanto, empregar-se a preposição íntegra: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, exatamente como acontece, quando se deixa de fazer a contração: a Os Lusíadas, a A relí­quia, conquanto não digam: aos Lusíadas, à Relíquia

      O texto do Novo Acordo especifica também que se deve empregar o apóstrofo:

      a) quando se quer separar a preposição ou pronome de um pronome pessoal que se refere a Deus.

      d’Ele, n’Ele, d’Aquele, lh’O

      b) na ligação de santo, santa a nomes do hagiológico, para supressão de o e a.

      Sant’Ana, Sant’Iago

      Quando se tornam perfeitas unidades mórficas, os dois elementos se aglutinam.

      bairro de Santana, Caminho de Santiago

      c) para assinalar a elisão do e da preposição de no interior de certos compostos.

      copo-d’água, pau-d’água, pau-d’alho

      Fica ainda determinado que não se usa o apóstrofo nas combinações das preposições de e em com o artigo definido e formas pronominais diversas e advérbios.

      dalguma doutra

      dela dum

      dele duma

      donde nalguma

      doutro neste

     

Separação silábica

      O Novo Acordo estabelece que a divisão silábica faz-se em regra por soletração: a-ba-de, bru-ma, sem atender necessariamente aos elementos constitutivos de natureza etimológica: bi-sa-vô, de-sa-pa-re-cer...

      A partição da palavra no fim da linha implica o emprego do hífen.

      O texto do Novo Acordo exemplifica algumas regras para a separação silábica.

      a) Não se separam as sucessões de duas consoantes que constituem grupos perfeitos: nu-bla-do, a-pro-var, de-cla-rar, de-cre-to, a-tle­ta, a-fri-ca-no, ne-vral-gi-a, nem se separam os dígrafos ch, lh, ah: ran-cho, ma-lha, vi-nha.

      Exceção

      Separam-se alguns compostos em que os prefixos terminam em b ou d.

      ab-le-ga-ção, ad-li-gar, sub-lu-nar.

      b) Separam-se no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante.

      ab-di-car am-bi-ção ét-ni-co

      ab-so-lu-to de-sen-ga-nar nas-cer

      ad-je-ti-vo Daf-ne op-tar

      af-ta en-xa-me

      c) Nunca se separam vogais consecutivas pertencentes a ditongos decrescentes.

      ai-ro-so, ca-dei-ra, ins-ti-tui, sa-cris-tães

      d) Os dígrafos gu e qu não se separam da vogal ou ditongo imediato:

      ne-gue, ne-guei, pe-que, pe-quei, da mesma maneira que as combinações gu, qu em que o u se pronuncia: á-gua, am-bí-guo, lo-quaz.

      d) Na separação de palavras que apresentam hífen, se este ocorrer no final da linha, deve-se repeti-lo na linha imediata: couve--flor, amá--lo.

 

Abraços,

Ana Maria.

     

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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