Parte da Resposta (Folha Online):
*22102004 - 09h24 * Brasil dá primeiro passo para unificar língua
portuguesa *ANDRÉ SOLIANI*
da *Folha de S. Paulo*, em Brasília

As duas ortografias oficiais da língua portuguesa --a do Brasil e a de
Portugal-- estão prestes a se tornar uma só. Na quinta-feira (21), o governo
brasileiro aprovou um protocolo que deverá, em breve, promover a unificação.

Com a reforma pela qual a língua passará, o trema deixará de existir, a não
ser em nomes próprios e seus derivados, e o alfabeto passará a ter 26 letras
--incorporará mais três: k, w e y.

O filólogo Antônio Houaiss, representante brasileiro durante as negociações
com Portugal (que terminaram em 1990), aponta no livro A Nova Ortografia da
Língua Portuguesa cerca de 40 mudanças que terão de ser incorporadas ou à
ortografia brasileira ou à portuguesa.

As mudanças, no entanto, ainda dependem da aprovação do protocolo por
Portugal e Cabo Verde. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa existe
desde 1990, mas nunca foi implementado, pois precisava da ratificação de
todos os oito membros da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa).
Apenas três deles --Portugal, Brasil e Cabo Verde-- haviam começado a
adaptar suas legislações ao acordo.

Para agilizar o processo de reforma da língua, os chefes de Estado da CPLP
decidiram, na última reunião de cúpula, em meados deste ano, que bastaria a
ratificação do acordo por três países para que ele passasse a valer. O
protocolo assinado pelo Brasil ontem é o que permite a entrada em vigor do
acordo com apenas três ratificações.

O governo brasileiro conta agora com a aprovação do protocolo em Portugal e
Cabo Verde. Para isso, o Ministério de Relações Exteriores pediu às
embaixadas brasileiras nos dois países que promovam a aceleração da
aprovação do protocolo.

*Mudanças*

As novas regras ortográficas obrigarão os portugueses a grafarem algumas
palavras como no Brasil. O verbete acção passará a ser ação. Os
portugueses também terão de retirar o h inicial de algumas palavras, como
em herva e húmido, que passarão a ser grafadas como no Brasil: erva e
úmido.

Para as palavras que admitem diferentes pronúncias, manteve-se a
possibilidade de duas grafias. Os brasileiros escreverão fato, e os
portugueses, facto. As duas formas de grafar esse substantivo serão
consideradas corretas nos países signatários do acordo.

Segundo um integrante do governo ligado à área da cultura, que preferiu
permanecer no anonimato para evitar desgastes com Portugal, a reforma fará
com que o português falado no Brasil se torne o internacional.

Mas os brasileiros também terão de se acostumar com mudanças. Não se usará
mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do
indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus
derivados. A grafia correta será creem, deem, leem e veem. O acento
circunflexo em palavras terminados em hiato oo, como enjôo, também
cairá. O acento também deixará de ser usado para diferenciar pára (verbo)
de para (preposição). Alguns acentos já haviam sido abolidos no Brasil na
reforma ortográfica de 1971.

Na opinião de Carlos Alberto Xavier, assessor do ministro da Educação, a
unificação da ortografia é importante para o futuro da língua portuguesa no
mundo. O português é a terceira língua ocidental mais falada, atrás apenas
do inglês e do espanhol.

O fato de existirem duas ortografias dificulta campanhas de divulgação do
idioma e a sua adoção em fóruns internacionais. A entrada em vigor do
acordo é condição essencial para a definição de uma política de promoção e
difusão da língua portuguesa, afirma nota divulgada ontem pelo Itamaraty.

Outra parte está aqui (mesma fonte):

*22102004 - 09h25 * Unificação da ortografia é gesto político *THAÍS
NICOLETI DE CAMARGO*
Especial para a *Folha*

Uma língua é muito mais que a sua ortografia. É um sistema de representação
verbal que permite a comunicação entre os indivíduos. Como conjunto de
mecanismos e recursos expressivos que traduzem a cultura de um povo, uma
língua, quando falada em diferentes países, assume características próprias,
decorrentes da trajetória histórica de cada um.

O português falado em Portugal, no Brasil, em Moçambique, em Angola, na
Índia ou na China é uma só língua. Variações ficam por conta da extensão do
léxico, da grafia, do uso mais ou menos corrente de certas expressões ou
estruturas sintáticas, da pronúncia, bem como da incorporação da influência
de outras línguas.

Unificar a grafia do português nos países lusófonos é antes um gesto
político, no qual parece estar o mérito da ação. Afinal, estimula-se assim a
mobilização em torno de um fator de identidade nacional e a conscientização
da vitalidade do idioma e dos traços comuns entre as culturas que se
expressam por meio dele. Isso tende a fazer surgir um maior intercâmbio
entre as obras literárias produzidas nesses países.

Outros aspectos da questão são o desgaste de reaprender algo que já está
automatizado e o custo econômico de substituir os livros, sobretudo os
didáticos, que envelhecem.

Mas, passada a fase de transição, o saldo deve ser positivo.

Categoria pai: Seção - Notícias

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Nasci no remoto ano de 1945, em São Lourenço, encantadora estação de águas no sul de Minas, aonde Manuel Bandeira e outros doentes iam veranear em busca dos bons ares e águas minerais, que lhes pudessem restituir a saúde.

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