2024: desafios e oportunidades na indústria financeira

Ana Karina Bortoni

Por: Ana Karina Bortoni 

Transformando negócios por meio da inovação e sustentabilidade. Especialista em gestão, liderança e empreendedorismo. Mãe de três.
19 de março de 2024

Em um mercado tão acirrado como a indústria bancária, encontrar vantagens competitivas para o crescimento sustentável do negócio é o principal desafio para a alta liderança.

Em termos globais, as instituições que conseguirem fluxos de receitas mais diversificados e uma forte disciplina de custos poderão ser capazes de aumentar a rentabilidade, inclusive com valorização de mercado superior à maioria, como aponta o estudo “Perspectivas da Indústria Bancária 2024: convicção e agilidade para prosperar”, promovido pelaDeloitte.

Já em uma perspectiva de competitividade, à medida que mais clientes buscam as facilidades que as financeiras não tradicionais conseguem oferecer, o setor continuará enfrentando instabilidades com a entrada de novas instituições, como as fintechs e as cooperativas.

Visão do Brasil

O cenário no Brasil não será muito diferente. Uma recente análise realizada pelaFitch Ratingsaponta uma perspectiva neutra para o setor no país, especialmente devido à redução de exposições a ativos de risco ao longo de 2022 e 2023 e à adequada capitalização.

Dessa maneira, o bom desempenho do setor evidencia as gestões mais conservadoras das instituições financeiras, que resultaram em menos provisionamento, levando, assim, a uma adequada geração de capital.

Ainda sob o ponto de vista da Fitch Ratings, a estabilidade do setor em 2024 está vinculada à capacidade do sistema de enfrentar os desafios ao mesmo tempo que executa suas estratégias por meio de uma gestão eficiente, mesmo diante de um cenário macroeconômico instável e complexo.

Capital humano e tecnologia

Nesse ambiente, chegamos à tecnologia. Embora as instituições financeiras de nosso país sejam umas das mais avançadas digitalmente, com processos internos que já vêm há anos trabalhando com algoritmos de aprendizado de máquina, aprendizado profundo e técnicas de processamento de linguagem natural, a IA generativa e de dados não deixa de ser um ponto de atenção.

Apesar dos investimentos em automação, ainda há muito espaço para a transformação de diversas atividades exercidas por capital humano, que poderia ser desenvolvido e capacitado para funções que agreguem valor ao negócio, como a interação produtiva com os clientes ou o planejamento de campanhas e de ferramentas que promovam a educação financeira e o uso do crédito consciente.

Nesse sentido, além dos próprios serviços bancários, a indústria financeira também deve aproveitar as oportunidades das tecnologias emergentes para reduzir riscos de crédito, agilizar as operações e minimizar fraudes, criando, dessa forma, valor para o negócio e conquistando a confiança do consumidor.

Mas olho as ameaças por trás da digitalização: “a proliferação de novas tecnologias expõe os bancos a riscos com os quais talvez nunca tenham tido de lidar antes. O open banking e o aumento de parcerias com parceiros tecnológicos, por exemplo, podem colocar a infraestrutura dos bancos a novas vulnerabilidades e ataques cibernéticos”, diz o estudo da Deloitte.

Portanto, este é um ano de equilíbrio administrativo em que os bancos e seus conselhos poderão priorizar políticas de governança cibernética e estabelecer medidas de controle, sem perder o apetite pela inovação e pela excelência na jornada do cliente.

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