Já narrei esta história aqui, mas porque tem um caráter exemplar, vou repeti-la. O fato se deu no início da década de 1990. Eu viajava muito para reunir-me com colegas do Ensino Superior e do Ensino Básico. Daquela vez havia ido a Teresina. Gostava de visitar Teresina onde tenho muitos amigos e podia comprar finos artesanatos em madeira e em bordados. No dia da volta, chegamos cedo ao aeroporto, meus amigos me fazendo companhia. Fiz o “check in” na Varig e fiquei aguardando a chamada do voo. Eis então que chega ao balcão da companhia um senhor muito bem apessoado, bonito mesmo. Era um político, ex-governador do Estado. Ele foi atendido e logo depois me chamam no alto-falante.
_ Infelizmente a senhora não poderá viajar. Foi um engano. Não temos mais vaga!
_ Como assim, se eu já fiz até o check in?
_Mas vamos colocá-la em um hotel e a senhora viaja amanhã!´
Falavam isso como se fosse uma honra para mim ser colocada em um hotel e passar mais uma noite em Teresina.
Só então entendi o que se passara. A Varig havia acomodado o político bonitão em minha vaga.
Fiquei uma fera e comecei a reclamar. Perguntei em que hotel iriam me acomodar. Era um hotel de duas ou três estrelas. Agradeci o hotel, só não cancelei o voo porque não tinha outro pra Brasília. Mas fiz uma candente reclamação em voz alta. Meus amigos até se assustaram. Também fui ao atendimento da Embraer e fiz uma reclamação oficial, mesmo sabendo que não daria em nada. Fui para um hotel de alto nível à beira do Rio que corta a cidade e paguei minha diária.
Até hoje me lembro do episódio, com um pouco de raiva, mas também um pouco de humor. Poderia dizer que essas coisas só acontecem no Brasil. Mas pode ser que aconteçam em outros países também.
Quando a Varig anunciou sua falência em agosto de 2010 senti-me vingada. Uma empresa com tais práticas não podia permanecer ativa.