Décadas de escavações arqueológicas no México, na Guatemala e até no Paquistão estão trazendo pistas sobre grandes civilizações do passado que parecem ter se organizado em moldes "republicanos", sem um monarca absoluto e com participação coletiva de ao menos parte da população nas decisões políticas.

É mais ou menos o modelo de funcionamento das cidades-estados da Grécia Antiga ou das repúblicas italianas do Renascimento, como Florença e Veneza - com a diferença importante de que os povos em questão não são europeus, mas nativos das Américas e, talvez, do subcontinente indiano. Até pouco tempo atrás, a maioria dos arqueólogos e historiadores apostaria que, nessas regiões do planeta, todas as grandes civilizações teriam surgido a partir do domínio de monarcas absolutos, com status quase divino.

Por enquanto, o exemplo mais claro em favor da hipótese das "repúblicas pré-colombianas" é a cidade-estado de Tlaxcallan, na região central do México. Fundada em 1250 d.C., ela estava em seu auge quando os espanhóis invadiram a região em 1519. A equipe coordenada por Richard Blanton e Lane Fargher, da Universidade Purdue (EUA), tem combinado os relatos da época da conquista espanhola com os dados das escavações para propor que Tlaxcallan era governada por uma espécie de conselho de notáveis ou "Senado", com até 200 membros, para o qual podiam ser recrutados plebeus e pessoas oriundas de grupos étnicos minoritários, desde que se mostrassem bons guerreiros e administradores.( Folha de São Paulo, 2/3/2017)

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