De acordo com a Sociolinguística, área em que me especializei,  o interlocutor em uma  interação é considerado contexto para o falante, porque o falante ajusta   a sua fala ao perfil do interlocutor.  Pensando na novela  Em família”, chego à conclusão de que os personagens masculinos, não  obstante o talento de  seus intérpretes, estão ali como contexto para as mulheres da trama.

A novela de Manoel Carlos é uma novela de mulheres,  como de fato costumam ser suas novelas.   A Helena madura foi moldada pela decepção com  o Laerte e  pelo apoio incondicional de Virgílio.  Sua filha Luíza está em vias de repetir a paixão juvenil  da mãe pelo mesmo homem.  

Verônica é uma mulher talentosa  que orienta sua vida exclusivamente para  agradar o parceiro de música  e de afeto.  E  Shirley, com todo o seu dinheiro, não avança na vida, porque o auge de sua vida foi a noite de amor também com o Laerte, que lhe rendeu o filho Leto.  Chica e  Selma são as clássicas viúvas. Juliana  trocou o marido advogado pelo companheiro da empregada falecida, que tem um grande trunfo, é pai da menininha que ela ama, acima de tudo,de qualquer homem, de qualquer pessoa. Mas já está procurando transformá-lo de acordo com os padrões culturais que ela preza.   A personagem mais emblemática da pouca importância que têm as figuras masculinas na história é Clara. Ela está prestes a trocar o marido, bonito  mas incompetente, pela competente fotógrafa, igualmente bonita.  Restam dois homens, Benjamim,  o pai de Virgílio,  e Felipe, o filho de Chica, que vivem seus papéis,  dramáticos,  com pouca referência  às  mulheres da família.  A novela já está do meio para o fim. Vejamos como cada uma das mulheres vai encontrando o seu caminho,  que lhes é aberto e sustentado pelos homens que as rodei

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